Observatório do Trabalho da Bahia: Boletim da PnadC – Analise 1º Trimestre de 2022

SETUR -BA

Por Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE

O IBGE lançou os dados da Pnad Contínua (PnadC) trimestral para um conjunto de indicadores relacionados à força de trabalho, referentes ao 1º trimestre de 2022, composto pelos meses de janeiro a março, no dia 13 de maio de 2022. Esse boletim traz a análise de vários indicadores do mercado de trabalho da Bahia no primeiro trimestre de 2022, com o objetivo mais geral de acompanhar periodicamente o funcionamento e movimentação da força de trabalho no estado e, de modo específico, analisar alguns efeitos mais imediatos sobre as condições de trabalho da população baiana, com a flexibilização das medidas restritivas de circulação da população e de funcionamento das atividades econômicas, após a obtenção de maior controle da pandemia da Covid-19 e avanço da campanha nacional de imunização do SARS-CoV-2.

Nessa análise, foi possível verificar que o desempenho do mercado de trabalho da Bahia, no primeiro trimestre de 2022, teve a melhoria de alguns indicadores que denotam uma crise social sem precedentes. De modo geral, os indicadores apresentaram melhora em relação ao mesmo trimestre de 2021, mas aprofundaram desempenhos desfavoráveis na conjuntura mais imediata, quando a comparação foi feita com o 4º trimestre de 2021.

A recuperação de alguns aspectos do mercado de trabalho na Bahia acompanhou o avanço do nível de atividade econômica do país em 2021, revelado pelo IBGE, por meio do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, com 4,6% de crescimento no último ano, após variar 1,6% no 4º trimestre de 2021, totalizando R$ 8,7 trilhões. Essa ascensão do PIB brasileiro permitiu recuperar perdas da pandemia, provocadas pela recessão econômica, com a queda de 3,9% em 2020, porém, mesmo com este resultado do PIB em 2021, a economia brasileira perdeu participação na classificação entre as maiores economias do mundo, caindo da 12ª para a 13ª posição no ranking.

Na Bahia, foi possível perceber avanços em alguns indicadores do mercado de trabalho no 1º trimestre de 2022, na comparação com o mesmo período do ano anterior, foram eles: reduções da taxa de informalidade, do desalento e da taxa composta de subutilização da força de trabalho e elevação do rendimento médio real habitual de todos os trabalhos das pessoas ocupadas. Além disso, outro aspecto positivo foi a elevação de ocupações criadas com vínculo formal de trabalho, através de contratações de trabalhadores por conta própria com CNPJ e militares e funcionários públicos estatutários.

Entretanto, alguns traços estruturais de precariedade no mercado de trabalho baiano permanecem: a despeito do leve crescimento do desemprego, a taxa de desocupação da Bahia se manteve em um nível elevado no 1º trimestre de 2022 e alcançou o posto de liderança desse indicador no país, frente aos resultados dos demais estados e Distrito Federal. A taxa de informalidade permaneceu em um patamar muito expressivo (54,7%), indicando que mais da metade da força de trabalho do estado era formada por ocupações informais e precárias. Essas características de caráter mais estrutural já existiam antes da Covid-19 no mercado de trabalho do país, com um todo, e na Bahia, em particular, e tem a sua possibilidade de recuperação atrelada a um contexto de crescimento consistente do nível geral de atividade econômica do país.

Entretanto, o que se vivencia no cenário macroeconômico brasileiro é justamente o contrário, com um baixo desempenho da economia, deprimido pela confluência entre juros altos, inflação em franca expansão e desemprego elevado, alçando o país às primeiras posições no mundo em relação ao nível dessas taxas. Para completar o cenário de dificuldades no tocante a retomada econômica e do mercado de trabalho, os fatores mais recentes são: o contexto de incerteza política, devido ao ano eleitoral e resultados desse pleito; a continuidade da instabilidade no comércio internacional, provocada pela guerra entre a Ucrânia e Rússia e, o anúncio da diminuição real do poder de compra do salário mínimo no próximo ano, com base na previsão do seu reajuste abaixo da inflação, feito pelo Governo Federal no projeto de Lei das Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2023.

Por fim, com essa análise também foi possível evidenciar a forte desigualdade regional que caracteriza o mercado de trabalho brasileiro, apontando discrepâncias estaduais enormes no tocante às taxas de desocupação, informalidade e composta de subutilização da força de trabalho.

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Fonte: Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE

Data original de publicação: Maio de 2022

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