Retrato do Brasil: 30% de entregadores e motoristas de app são de extrema direita
Levantamento do Datafolha faz raio-x de um fenômeno contraditório. Trabalhadores em situação mais precária abraçam setores que negam direitos. Veja os números
Por Henrique Rodrigues
Um levantamento realizado pelo Datafolha divulgado nesta sexta-feira (8) mostrou com detalhes um fenômeno que a maior parte dos brasileiros já notava e que, por si só, é absolutamente contraditório: um índice muito expressivo dos entregadores e motoristas de aplicativo são alinhados à extrema direita. Ou seja, abraçam ideologicamente o bolsonarismo.
O estudo revela uma situação pouco compreensível, que é o fato de os trabalhadores em situação mais precária em termos de renda mensal, condições de trabalho, jornada laboral e garantias trabalhistas serem justamente um setor que em massa apoia o grupo político que abertamente rejeita direitos mínimos aos cidadãos em suas atividades.
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Os números mostram que 40% desses entregadores e motoristas se identificam como “de direita” de forma genérica, mas três quartos deles (30% do total de entrevistados) diz ser de “extrema direita”. Na sequência, 41% dos ouvidos no estudo se colocam como “de centro”, distribuídos num gradiente que pode aproximá-los mais da direita ou da esquerda.
Do outro lado do arco ideológico, 18% afirmam ser “de esquerda”, variando também de posições mais ao extremo até a ‘fronteira’ com o centro. Os dados mostram um problema para o governo do presidente Lula (PT), que recentemente apresentou uma proposta ao Congresso Nacional para garantir direitos trabalhistas, como renda mínima fixa e previdência social, para os motoristas de aplicativo, já com a intenção de propor uma ação semelhante para os entregadores num futuro próximo.
No entanto, os números apresentam uma reprovação, seguindo a lógica do posicionamento ideológicos exposta na pesquisa, já que a maior parte dos próprios entregadores e motoristas, dizendo-se “empreendedores”, não querem formalizar a relação de trabalho com as plataformas que utilizam.
Fonte: Revista Fórum
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Data da publicação original: 8/3/2024