‘Vai se isolar’: diaristas são dispensadas sem pagamento em meio à crise do coronavírus

Imagem: Pixabay

Por Ligia Guimarães e Juliana Gragnani | BBC News

“Faz cinco anos que Carolina* trabalha limpando a casa de uma família em São Paulo, mas nesta terça-feira (16/03), foi dispensada por tempo indeterminado.

“Ela me falou que vai ficar em casa e não quer ficar em contato comigo.” “Vai se isolar”, disse a empregadora. Ela não falou em dinheiro, e Carolina, 31, não sentiu abertura para tocar no assunto.

A diarista mora na zona norte de São Paulo e limpa esta casa na zona oeste, e outras seis por semana, de segunda a sábado.

Outro empregador seu, professor que dá aulas em casa, também dispensou a diarista, avisando que, daqui em diante, não irá mais precisar dos serviços delas e não pagará pelos dias parados.

“Não tem muito o que ser feito. Eu sou diarista, não tem como cobrar alguma coisa.”

Diante da chegada do coronavírus ao Brasil, muitas faxineiras receberam esta semana a notícia de que não terão mais trabalho até que o medo e os riscos do novo vírus diminuam.

Diaristas são trabalhadores autônomos, sem compromisso, portanto não é ilegal demiti-los sem compensação. Já no sistema de mensalista, quem é demitido tem direito a verbas indenizatórias.

A BBC News Brasil ouviu relatos de diversas trabalhadoras, principalmente da capital paulista, de que poucos foram os patrões que se dispuseram a continuar pagando as faxineiras durante o período de distanciamento social.

Os nomes nesta reportagem são fictícios – as trabalhadoras não quiseram se identificar com medo de represálias ou porque, diante de qualquer queixa pública, as contratações futuras possam se tornar ainda mais incertas.

Para a grande maioria, isso significa de uma hora para outra não ter renda para o básico, como aluguel e comida. “Vivíamos bem, porque diarista não ganha tão mal. Agora, vai apertar, não sei como vai ser”, diz Carolina, que mora com o marido, jardineiro desempregado há um ano, e a filha de seis anos.

Sua renda mensal era de R$ 4 mil. “A preocupação maior agora é aluguel, água, luz. Pago R$ 850 de aluguel. Acabei de comprar um carro, estou pagando a prestação, R$ 700.””

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Fonte: BBC News
Data original de publicação: 18/03/2020

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