A mutação do mundo do trabalho e a proteção dos trabalhadores – 60% dos empregos serão automatizados
Por João Vitor Santos | Instituto Humanitas Unisinos
“Um levantamento feito pelos pesquisadores do Laboratório do Futuro do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia – COPPE da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ indica que, nas próximas duas décadas, as atividades realizadas por aproximadamente 60% dos trabalhadores brasileiros serão automatizadas. ‘Considerando os municípios com mais de 10.000 trabalhadores, o impacto varia entre 56% (Caxias-MA) e 81% (Nova Serrana-MG), sendo a média e a mediana do índice 69%. Todos os municípios do país tendem a ter algum impacto, mas a diversidade entre os casos de cada um dificulta uma análise generalizada’, diz o engenheiro Yuri Lima ao comentar o estudo. De acordo com o pesquisador, esta e outras pesquisas realizadas pelo Instituto do Futuro sugerem que o impacto da automação ‘tende a se concentrar sobre os trabalhadores mais vulneráveis (menor renda, jovens e menor nível de formação), que terão mais dificuldades para se requalificar’. Para reduzir os efeitos negativos desse processo, aconselha, ‘será preciso uma atuação conjunta de atores sociais como governos, empresas, sindicatos e instituições de ensino’. E acrescenta: ‘Não devemos encarar com medo a projeção apresentada, mas sim como uma preocupação que não pode ser ignorada’.
Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, o engenheiro frisa que tanto o debate sobre automação quanto sobre o futuro do trabalho no Brasil ainda ‘é muito incipiente’, se comparado com o modo como a discussão tem sido feita em países como Alemanha, Reino Unido e Japão. ‘Em geral, quando se vê uma discussão sobre o futuro do trabalho no Brasil, tende a ser uma importação de ideias do exterior. É preciso entender que o Brasil é muito diferente dos países economicamente desenvolvidos. Assim, a produção de conhecimento sobre o tema precisa ser feita considerando as particularidades nacionais’, diz.
Apesar de compreender a automação como um processo que irá representar ‘um ganho de produtividade’, Lima destaca que ‘num país de desemprego acima dos dois dígitos, a proteção do trabalhador deve ser prioridade’.”
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Fonte: Instituto Humanitas Unisinos
Data original de publicação: 17/12/2019