A polêmica das creches noturnas: ‘Tive que sair do trabalho por não ter onde deixar minha filha’
A Câmara Municipal de São Paulo aprovou um projeto de lei que cria as chamadas ‘creches noturnas’, voltadas para filhos de pessoas que trabalham ou estudam até mais tarde. Por outro lado, especialistas e até uma cidade que já implantou o modelo (e desistiu dele) afirmam que o horário estendido não é bom para as crianças.
Desempregada, a operadora de caixa Bruna Reche, 28, tem recusado ofertas de trabalho nos últimos meses. Não que a situação financeira da família esteja confortável, pelo contrário: as contas atrasadas estão se avolumando e as compras para a casa, ficando mais raras. O problema é outro: como conciliar o serviço no comércio com o horário da creche de Alice, sua filha de três anos?
“Só tenho experiência em comércio. E as vagas que consigo são todas para o período da tarde e da noite, em shoppings. Já recusei várias ofertas boas, porque preciso buscar minha filha às 16h30 na creche. Não tenho com quem deixá-la”, conta Bruna, que vive na Brasilândia, na zona norte paulistana.
Seu marido, que atua na área de tecnologia da informação, também não consegue buscar Alice, pois chega por volta das 20h em casa.
Histórias como a de Bruna são comuns entre mães e pais que trabalham em períodos que não se encaixam com o horário de entrada e saída de creches e escolas públicas — na rede particular normalmente há mais flexibilidade de horário, embora encontrar unidades noturnas seja difícil.
Mas como resolver essa questão? O Estado deveria proporcionar vagas para crianças no período noturno? Deixar uma criança na escola até tarde funciona do ponto de vista educacional?
Fonte: BBC News
Data original de publicação: 18/02/2020