Batalhadores depois dos 60: uma crítica aos tipos de integração do idoso no mercado urbano de trabalho

Imagem: Brasil de Fato / Reprodução

Por Jorgemar Soares Felix    

Esta pesquisa tem como objetivo responder à seguinte questão: Até que ponto o trabalhador de baixa renda com mais de 60 anos tem condições sociais e econômicas para se manter no mercado de trabalho ou adquirir novas qualificações para se reinventar profissionalmente?

Como objetivos secundários as questões foram: qual o impacto do espaço urbano na decisão de se manter no mercado de trabalho e, em permanecendo na ativa, como esse segmento populacional lida com as limitações impostas pelas transformações da cidade e sofre suas consequências?

A metodologia utilizada teve como matriz a pesquisa realizada por Serge Paugam para a França, denominada “Salarié de la precarité”, na qual estabelece tipos de integração de acordo com dois critérios básicos: satisfação e estabilidade. Os critérios levam em conta a relação de trabalho e a relação de emprego para criar o “tipo ideal” (weberiano) integração assegurada, no qual o entrevistado atende aos dois critérios, e os tipos desvios, integração incerta (com satisfação e sem estabilidade), integração laboriosa (sem satisfação e com estabilidade) e integração desqualificada (sem os dois critérios).

Limitou-se a amostra dessa pesquisa à categoria batalhadores de Jessé de Souza, isto é, uma “nova classe trabalhadora brasileira” que emerge nos anos 2000, mas com uma “trajetória pessoal” marcada por um histórico de vulnerabilidade seja por uma condição desfavorável na sociedade desigual e/ou por ser de pele negra. Assume-se que esse segmento carece de capitais cultural, social e imaterial. A pesquisa é qualitativa, com técnicas de observação direta e entrevistas aprofundadas a partir de questionário semiestruturado.

Nos três capítulos iniciais, apresenta-se um referencial teórico no âmbito da sociologia econômica, da sociologia do trabalho e da sociologia urbana com o objetivo de oferecer informações da realidade para um confronto do relato dos batalhadores e batalhadoras entrevistados no quarto e último capítulo, quando são apresentados os resultados da pesquisa empírica.

A conclusão principal é a impossibilidade de a amostra apresentar condições de garantir uma integração assegurada sobretudo devido ao fator idade. Defende-se, assim, que os tipos de integração devem ser levados em conta nas decisões de políticas públicas para os idosos e para a construção da estrutura de proteção social.

Fonte: Rede de Estudos e Monitoramento Interdisciplinar da Reforma Trabalhista

Clique aqui para ler o texto original.

Ano de publicação: 2018

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Translate »