Boletim Mercado de Trabalho nº 73: conjuntura e análise (BMT)

Foto: Reprodução/IPEA

Por Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

A edição de número 73 do boletim Mercado de Trabalho: conjuntura e análise (BMT) contém o tradicional texto de Análise do mercado de trabalho, além de incluir as seções de Notas técnicas, Políticas em foco, e Economia solidária e políticas públicas.

O texto de Análise do mercado de trabalho traz os principais indicadores para o quarto trimestre de 2021, a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e do Novo Caged. É possível destacar que, após os resultados negativos de 2020 causados pela pandemia do novo coronavírus, o mercado de trabalho brasileiro continua mostrando sinais de recuperação. A população ocupada (96 milhões), a taxa de desemprego (11,1%) e a taxa de participação (62,5%) retornaram aos níveis pré-pandemia; e os indicadores de desalento e sub ocupação apresentaram reduções no último trimestre do ano.

Contudo, existem desafios para a continuação dessa melhora, como a queda nos rendimentos habituais reais médios – sendo o quarto trimestre móvel consecutivo com uma queda acima de 10% – e nos rendimentos efetivos na comparação anual entre 2020 e 2019. Dessa forma, o retorno aos movimentos habituais do mercado de trabalho ocorre em um nível de renda inferior ao observado anteriormente a pandemia. Outro indicador que gera preocupação é o aumento da proporção de desocupados que procuram trabalho a mais de dois anos, que no último trimestre alcançou o maior valor da série (30%). Isso sinaliza um grande desafio, uma vez que a chance de se reempregar é bem mais baixa para esse perfil de desempregado.

Além da análise conjuntural do mercado de trabalho, este número do BMT traz contribuições adicionais organizadas em três seções.

A seção Notas técnicas conta com três textos. No primeiro deles, Determinantes da participação das mulheres brasileiras na força de trabalho durante a pandemia da covid-19, Natália Guerra da Rocha Macedo e Luana Simões Pinheiro visam compreender se a pandemia de covid-19 trouxe mudanças nas variáveis que determinam a participação das mulheres no mercado de trabalho, e se tais modificações também ocorreram na decisão dos homens. Para responder a estes questionamentos, as autoras elaboraram modelos de regressão logística, colocando a participação na força de trabalho como variável dependente; e utilizando os microdados de divulgação trimestral da PNAD Contínua para comparar um momento anterior à instalação da crise sanitária/econômica no país (segundo trimestre de 2019) com o auge do isolamento social (segundo trimestre de 2020).

No segundo texto da seção, Mudança estrutural regional e habilidades relacionadas dos trabalhadores, os autores Jefferson Ricardo Bretas Galetti, Milene Simone Tessarin e Paulo César Morceiro investigam se setores intensivos em habilidades relacionadas às existentes na economia local exercem algum papel no processo de mudança estrutural regional, definido como a entrada, a saída e o crescimento do emprego em 581 setores nas 558 microrregiões brasileiras entre 2003 e 2018. Buscando ampliar a pesquisa sobre essa relação entre a variedade relacionada das habilidades dos trabalhadores e o processo de mudança estrutural nos países em desenvolvimento, os autores utilizam uma medida de habilidades dos trabalhadores que não tinha sido usada ainda na literatura de geografia econômica – uma variável que captura a diversidade de habilidades requeridas para desempenhar tarefas nas mais diversas atividades econômicas.

A última nota técnica, intitulada Sobre a montagem e a identificação dos painéis da PNAD Contínua, de autoria de Rafael Guerreiro Osorio, apresenta um método para realizar a identificação dos grupos domésticos e dos indivíduos nos painéis de domicílios da PNAD Contínua; dessa forma, aumentando a eficácia da identificação em relação a abordagens que se valham apenas da data de nascimento, da idade estimada e do sexo. Este método é feito por meio do aplicativo Pynad – instalado com o gerenciador de pacotes da linguagem de programação python – que, além de fazer os downloads dos arquivos da PNAD Contínua e de mantê-los sincronizados, monta e identifica os painéis e ainda acrescenta às bases de dados um conjunto de variáveis para facilitar o uso.

A seção Política em foco possui cinco textos. Em Retorno da educação técnica no Brasil: um estudo em painel e cross-section de 2007 a 2018, os autores Thiago Mendes Rosa, Bruno de Oliveira Cruz e Luiz Rubens Câmara de Araújo estimam os efeitos sobre a remuneração de trabalhadores em ocupações relacionadas ao ensino técnico no mercado formal, utilizando um painel com os trabalhadores formais da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) para o período 2007-2018. Como um teste de robustez nos modelos, utilizou-se também as estimativas, controlando para seleção no mercado de trabalho, dos suplementos de educação e qualificação profissional das PNADs 2007 e 2014, para avaliar a consistência dos resultados em painel.

André Gambier Campos e Roberto Di Benedetto, no artigo O ensino a distância afeta a inserção dos discentes no mercado de trabalho? Um estudo de caso focado em discentes de cursos superiores de tecnologia, procuram verificar se a modalidade de ensino (presencial ou a distância) possui efeitos sobre o aproveitamento dos discentes dos cursos superiores de tecnologia, este mensurado por meio da avaliação da inserção desses discentes no mercado de trabalho. Para tanto, os autores realizam um estudo de caso, baseado nos discentes de cursos superiores de tecnologia da Universidade Positivo (UP), uma instituição privada que possui modalidades presencial e a distância.

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Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

Data original de publicação: 05/05/2022

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