Chamada de artigos para o Dossiê “100 Anos de Clóvis Moura”

Fonte: Elisângela Lima



É com muita satisfação que a Revista Cadernos Cemarx lança a chamada de artigos para o dossiê “100 Anos de Clóvis Moura”, em homenagem ao legado deste importante pensador comunista, que possui um lugar de grande destaque no marxismo brasileiro, latino-americano e no conjunto de intérpretes do Brasil. Para isso convidamos professores, pesquisadores de pós-graduação, militantes partidários, de movimentos sociais ou ativistas a submeterem artigos sobre a obra mouriana ou que dialoguem com o seu pensamento, além de resenhas de livros, a serem publicados sob os seguintes eixos:



1. Trajetória política e intelectual de Clóvis Moura.

Sobre o seu percurso militante indissociável da produção intelectual, como a militância no Partido Comunista na Bahia e em São Paulo, as relações com intelectuais do partido, da luta antirracista, do marxismo acadêmico; a colaboração com os movimentos negros desde a crise da Ditadura Militar e a aproximação com o MST.  



2. Clóvis Moura e a tradição intelectual afrodiaspórica nas Américas.

A pertença da pensata mouriana ao universo do conjunto crítico de teorizações sociais e políticas negras de teorização marxista e contestatória a ordem social capitalista racial e alienante que se deu no continente americano, em especial a partir do século XX. Uma tradição intelectual revolucionária e antissistema que, por diferentes sentidos e formas, se deu por todo continente americano enquanto expressões de conjuntos de intelectualidades que expressavam o racismo e suas derivações, enquanto elemento basilar da herança escravocrata inerente ao capitalismo e sua política de dominação social classista. Ao qual o pensamento social de Clóvis Moura se deu enquanto uma de suas mais originais e revolucionárias expressões.



3. Particularidade da formação social brasileira.

O debate sobre os modos de produção; Resistência de indígenas e negros escravizados como parte indissociável da história da luta de classes no Brasil; As mais variadas formas de luta e organização dos escravizados como os quilombos, as guerrilhas, as insurreições e sua unidade com o conjunto dos explorados no escravismo colonial; A consciência do negro em revolta e a quilombagem; A presença de negros escravizados e libertos na formação do proletariado brasileiro; Confluência entre racismo e capitalismo no Brasil; Imperialismo, Capitalismo Dependente e Neocolonialismo.



4. Clóvis Moura, movimentos negros e lutas sociais.

Os grupos específicos negros e o debate da consciência em si e para si; A relação com os grupos específicos e diferenciados; A dimensão política, estética e cultural das lutas negras; Luta antirracista e luta de classes no Brasil; O internacionalismo negro e a questão da emancipação; O movimento negro e as organizações de esquerda no Brasil; As lutas negras no enfrentamento ao racismo religioso, ao racismo institucional e a estrutura cisheteropatriarcal.



5. Clóvis Moura e a Revolução Brasileira

A análise da pesquisa moureana em torno do debate sobre Revolução Brasileira e suas controvérsias, em especial com outros intérpretes do Brasil que pensaram a problemática, como Caio Prado Jr., Nelson Werneck Sodré, Alberto Passos Guimarães e outros, e as mediações pessoais, intelectuais e políticas com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e outras organizações revolucionárias. Insumos teóricos e políticos da teoria moureana para pensar os dilemas para uma Revolução Brasileira hoje.



6. Historiografia e memória social

Ao longo de sua produção intelectual, Clóvis Moura destacou a centralidade das revoltas e insurreições no processo histórico brasileiro. Esse eixo busca discutir como sua obra influenciou os estudos sobre a história da população negra e como sua leitura da memória social desafia concepções dominantes da história nacional. Os artigos deste eixo poderão explorar temas como a revisão historiográfica proposta por Clóvis Moura; os impactos de sua obra na construção da memória coletiva da resistência negra; desdobramentos contemporâneos de sua crítica social, podendo abranger, inclusive, pesquisas engajadas na luta dos movimentos negro, comunista, feministas negro, que coloque a contribuição de Moura como base teórica explicativa. Dessa forma, pretende-se fomentar o debate sobre a disputa por memória, a importância de reavaliar paradigmas historiográficos e valorizar a perspectiva dos sujeitos historicamente marginalizados.



7. Pensamento social brasileiro

A crítica do marxista de Amarante ao pensamento social de matiz conservador sobre a sociedade e o povo brasileiro; a crítica ao mito da democracia racial; a crítica ao viés racista e racialista no campo do pensamento social brasileiro e à suposta incapacidade do negro de ser um sujeito histórico ativo. Tendo por base o conjunto dialogal com o campo crítico do Pensamento Social Brasileiro, a partir da originalidade e especificidade de seu recorte interpretativo, acerca de sua problematização histórico-sociológica sobre a formação e desenvolvimento do Brasil enquanto nação inconclusa.



8. Clóvis Moura e a “questão social”.

Gênese e desenvolvimento da “questão social” no Brasil. A contribuição de Clóvis Moura para pensar o papel do Estado e suas respostas no âmbito do controle, repressão e políticas públicas. A luta de classes e os projetos societários em disputa no contexto neoliberal. Financeirização da “questão social”, organismos multilaterais e a questão negra no Brasil.



9. Clóvis Moura e os diferentes marxismos

Sobre a diversidade de tradições inscritas dentro da teoria social marxista e a vinculação pertinente ao marxismo de Clóvis Moura. Possibilidades e limites de enquadramento do pensamento moureano a determinada tradição marxista – “marxismo negro”, por exemplo. Insumos teóricos e políticos da teoria moureana para pensar e problematizar elaborações e paradigmas do marxismo contemporâneo, não apenas em relação à questão racial.



10. Crítica à sociologia academicista

O eixo propõe uma discussão sobre a crítica de Clóvis Moura ao academicismo na sociologia brasileira, que frequentemente ignorou a dinâmica das lutas de classes e das resistências populares na construção do pensamento sobre a formação social brasileira. Moura defendeu uma sociologia engajada, voltada para as classes populares, comprometida a interpretar a experiência negra a partir da contradição, e que reconhecesse a sua resistência como elemento central modernizante e dinamizador da história brasileira. Os artigos deste eixo poderão explorar a rejeição de Moura à sociologia institucionalizada e pautada na conciliação e coesão, sua proposta de um pensamento crítico comprometido com transformações e fragmentos sociais e as consequências contemporâneas de sua obra para os estudos sociológicos.



11. Cultura e linguagem

Sobre o tratamento de Clóvis Moura aos problemas da cultura e linguagem. Debates sobre sincretismo e aculturação na sociedade brasileira e formas teóricas de analisar o fenômeno. A cultura como objeto da sociedade moderna e a constituição da nação. A linguagem como dominação e processo de conscientização. Debates pertinentes a possíveis vínculos de Moura com estudiosos marxistas da cultura e da linguagem.


As submissões seguem de acordo com as regras da revista Cadernos Cemarx no link: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/cemarx/about/submissions




Prazo para submissão: 09/09/2025.



Organização: Agnus Lauriano (UNICAMP), Christian Ribeiro (UNICAMP), Elisângela Lima (UNICAMP), Gabriel Campos (UNICAMP), Murillo van der Laan (UNICAMP), Patrick Oliveira (UFF), Renata Falavina (UNICAMP), Sandra Vaz (UFF).


Confira a matéria original clicando aqui


Data original de publicação: 11 de abril de 2025

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