CHAMADA V!28 O DIGITAL E O SUL: TENSIONAMENTOS

Imagem: Divulgação

Por Revista V!RUS – USP

A vigésima oitava edição da revista V!RUS busca reunir artigos científicos e ensaios críticos que problematizem as relações entre o digital e o Sul Global, através de reflexões críticas sobre as tensões e desafios nas interações entre os múltiplos aspectos da cultura digital e as diversas realidades do Sul. Trata-se de relações multifacetadas tecidas por uma pluralidade de fatores, com evidentes contribuições à esfera acadêmica, ao mundo do trabalho e à sociedade em geral, mas também permeadas por conflitos e dinâmicas sócio-políticas, econômicas e ambientais complexas, no âmbito das relações Norte-Sul e Sul-Sul. A edição espera contribuir para o exame crítico do tema, em especial considerando a enorme diversidade de povos, culturas e grupos sociais nas cidades, nas nações, no planeta.

O tema “O digital e o Sul: tensionamentos” abre-se ao amplo espectro de meios digitais que atravessam o quotidiano – urbano ou não –, incluindo a Internet e suas infraestruturas físicas e mundos virtuais, os variados modos de comunicação digital, de armazenamento e organização da informação, as expressões artísticas do Sul em que o digital é primordial, as questões tecnopolíticas engendradas por ações corporativas, o papel do Estado e as políticas públicas de regulação, acesso e letramento digital, as disputas por hegemonia no atual contexto mundial orientado à multipolaridade, e as ações contra-hegemônicas. Quer-se, igualmente, promover leituras críticas sobre o uso de aplicativos computacionais específicos, plataformas digitais online e dispositivos de hardware nas diversas áreas do conhecimento, as premissas e condicionantes de sua utilização e os produtos obtidos, além de suas articulações com processos de pesquisa científica, formação e atuação profissional.

Serão aceitos para avaliação artigos científicos e ensaios críticos inéditos que explicitem, em sua temática, no resumo e no corpo do texto, evidências claras e inequívocas sobre a relação entre a pesquisa apresentada e elementos da cultura digital no Sul Global.

Esperamos, assim, estimular o debate e a reflexão crítica e fundamentada que contribuam para a compreensão da história, perspectivas, limites e potencialidades da relação entre o digital e o Sul Global, produzidas nas várias áreas do conhecimento, em especial Arquitetura, Urbanismo, Artes, Cinema, Comunicação, Design, Direito, Filosofia, Ciências Sociais, Ambientais e Políticas, Antropologia, Estudos Culturais, História, Geografia, entre outras, tratando particularmente – mas não apenas – dos seguintes tópicos e suas intersecções:

  • Tensionamentos internacionais: a (nova) ordem mundial e as disputas por hegemonia tecnológica, o digital e as noções de decolonialidade, multilateralismo, globalização, internacionalização, imperialismo e mundialização;
  • Diálogos Sul-Sul, diálogos interculturais, cooperações e projetos internacionais acerca do digital ou apoiados por ele;
  • O digital, diversidade cultural e interseccionalidades: identidade de gênero e étnica, multiculturalidade, povos originários, negritude e cultura afrodiaspórica, políticas culturais, culturas transnacionais, feminismos subalternos;
  • O digital e a difusão de modelos arquitetônicos: a sedimentação do caráter universal do modelo moderno, o modelo moderno norte-atlântico como instrumento de dominação, técnicas construtivas do Sul auxiliadas pelo digital, a desqualificação de concepções locais e tradicionais, a indústria da construção;
  • Novos paradigmas formais auxiliados pelo digital e as culturas do Sul: arquiteturas de geometrias complexas, modelagem paramétrica, fabricação digital, processos digitais de projeto e produção, concepção e uso dos programas computacionais;
  • Expressões artísticas e meios digitais: artes visuais, fotografia, música, audiovisualidades, arte indígena, expressões afrodiaspóricas, instalações, arte urbana;
  • O audiovisual e o digital: filme documentário, projetos colaborativos, plataformas de divulgação e debate, cinema, leituras urbanas, pesquisa e explorações;
  • História dos meios digitais no Sul Global: revisões, eventos e apagamentos, novas genealogias epistemológicas, personagens, produções digitais no Sul, resgate de conhecimento historicamente invisibilizado, crítica da história oficial;
  • O digital e a colonialidade das relações de trabalho: trabalhadores plataformizados, precarização, trabalho à distância, interseccionalidades de raça, gênero e classe social;
  • O digital e a universidade: práticas de ensino, pesquisa e extensão, missão e modelos institucionais, disciplinas e grades curriculares, educação à distância, compartimentação disciplinar e transdisciplinaridade, redes de pesquisa e interlocução acadêmica, produtivismo;
  • Referências do Sul relacionadas ao digital em pesquisa acadêmica: revisão de conceitos e categorias analíticas, repensando objetivos, delimitações de campo, métodos e procedimentos, o papel do pesquisador;
  • O pensamento digital e metateorias: pensamento sistêmico, complexidade, cibernética, ecologia da comunicação, transdisciplinaridade;
  • As cidades do Sul e o digital: smart cities, cartografias, novos paradigmas de desenvolvimento urbano, ciberativismo, ciberespaço e cena pública, movimentos sociais;
  • O digital e a questão ambiental: o enfrentamento das mudanças climáticas, relações Norte-Sul e Sul-Sul, desenvolvimento sustentável, processos de metropolização, preservação ambiental, modelos agroindustriais;
  • Modelos econômicos contemporâneos e o digital: a economia digital e o Sul, globalização e colonialidade, desdolarização, novas economias da sustentabilidade, greenwashing, economia substantiva e outros modelos de desenvolvimento, buen vivir e outras economias no Sul Global, o decrescimento;
  • Modos de vida na cultura digital: a informatização do quotidiano, habitação e modos de habitar contemporâneos, revisão de processos de projeto e produção, intersecções com espaços de morar espontâneos e tradicionais;
  • Design e o digital: ensino, pesquisa, produção, inovação, consumo, revisão de modelos, novas demandas, resgate de ancestralidades;
  • Processos participativos de projeto, construção e gestão da cidade apoiados pelo digital: plataformas digitais online como locus de participação, ações cidadãs bottom-up, redes de solidariedade, modelos de representatividade;
  • Inteligência Artificial e um novo colonialismo: dominação algorítmica, extrativismo colonialista de dados, IA e seus impactos no quotidiano, a autoria dos documentos utilizados e do produto, IA e racismo, economia de dados;
  • Tecnopolíticas: cidadania digital, vigilância, políticas de software livre e código aberto, redes sociais, fake news e deepfake, manipulação social e representatividade política, soberania digital, programas computacionais como instrumentos de controle, extrativismo de dados;
  • Herança cultural e meios digitais: processos decisórios inclusivos sobre a preservação de arquiteturas e lugares de memória, valorização e tratamento de dados sobre a memória e o patrimônio de minorias sociais; HBIM, documentação e modos de controle do ciclo de vida, processo digital de projeto arquitetônico e técnicas construtivas retrospectivas.

Além de textos e imagens estáticas, são bem-vindos ensaios fotográficos, vídeos, filmes curtos, animações, peças sonoras, musicais e depoimentos em arquivos de áudio, projetos de instalações artísticas, de arquitetura, urbanismo e design acompanhados de reflexão crítica e fundamentada teoricamente sobre sua concepção, apresentações de slides e outras linguagens digitais, considerando o interesse do Nomads.usp em explorar usos de meios digitais para divulgação científica via Internet.

As contribuições serão recebidas EM PORTUGUÊS, INGLÊS OU ESPANHOL através do website da revista até 4 de agosto de 2024, segundo as diretrizes para autores, disponíveis na seção Submissões do website da revista (www.nomads.usp.br/virus).

DATAS IMPORTANTES

20 de maio de 2024: Início do recebimento de submissões

4 de agosto de 2024: Data final para recebimento de submissões

A partir de 7 de outubro: Informação aos autores sobre aceite e solicitação de adequações

11 de novembro: Data limite para recebimento das adequações dos autores

25 de novembro: Data limite para recebimento da versão traduzida do artigo ou ensaio

Dezembro de 2024: Lançamento da V!RUS 28

Fonte: Revista V!RUS – USP via e-mail.

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