Com profundo pesar, a FENATRAD e o CNTD comunicam o falecimento da sua coordenadora-geral e presidenta, Luiza Batista

Por Fenatrad em Março de 2025

Ela entra para a história como uma das maiores lideranças das trabalhadoras domésticas da América Latina

Com um profundo pesar, a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD) e o Conselho Nacional dos trabalhadores Domésticos (CNTD) comunicam que faleceu, neste sábado (1º), a coordenadora-geral da federação, Luiza Batista, também presidenta do Conselho Nacional dos trabalhadores Domésticos (CNTD). 

 Pela sua grandeza e abrangência da sua militância, além da FENATRAD e CNTD, é um momento de luto para os movimentos sociais, o movimento sindical e para as brasileiras e brasileiros que lutam por justiça social. Também é um momento de luto, em nível internacional, para o movimento sindical das trabalhadoras domésticas. Afinal, Luiza Batista tem uma grande relevância como uma das maiores líderes sindicais do movimento das trabalhadoras domésticas na história da América Latina.

 Ela estava há anos travando uma luta contra o câncer e agora descansa, depois de uma batalha árdua que travou contra esta doença. E, mesmo assim, estava participando, com muita garra, ativamente das lutas pelos direitos das trabalhadoras domésticas.

 Fisicamente Luiza partiu. Mas deixa para a história um grande legado e lições de afeto, alegria, sabedoria e luta por mais direitos e justiça para todas e todos as trabalhadoras e trabalhadores Domésticos do Brasil e do mundo. LUIZA BATISTA, PRESENTE!!!!! 

 “A FENATRAD perde hoje Luiza Batista, uma grande líder que deixa um legado importante para a luta da categoria. Ela foi muito dedicada à luta das trabalhadoras domésticas, das mulheres e da população negra. A sua trajetória pelas trabalhadoras domésticas, mulheres e população negra é um grande exemplo para continuarmos trilhando este caminho que ela fez tão bem, defendendo com unhas e dentes os direitos da categoria das trabalhadoras domésticas. Ela sempre estava nas lutas e debates. Portanto, LUIZA BATISTA, HOJE E SEMPRE, PRESENTE!”, afirmou a presidenta de Honra da FENATRAD”, Creuza Oliveira. 

 “Ela iniciou sua trajetória no movimento sindical das trabalhadoras domésticas em 2006. Portanto, em pouco tempo ela veio a ser uma das maiores lideranças da categoria das trabalhadoras domésticas na história do Brasil”, disse Creuza Oliveira. 

Trajetória

 De acordo com o site Brasil de Fato, em março de 1956 um casal de trabalhadores rurais deu as boas-vindas à filha Luiza Batista, que chegava após um intervalo de seis anos sem novas crianças e que encerrava a fila de oito filhos do casal. A família vivia na zona rural de São Lourenço da Mata, em Pernambuco, pois o pai trabalhava no corte de cana-de-açúcar. Quando o pai foi trabalhar no Engenho Veneza, pertencente à família Guerra, em Vitória de Santo Antão, a família foi junto para viver na vila de casas de taipa pertencentes aos donos do engenho.

 Em 1964, ela foi morar com a família em Recife, num barraco de madeira na “Ilha João de Barros”. E aos 9 anos de idade foi levada por uma amiga de sua mãe para trabalhar na casa de uma senhora que atuava na “Aliança para o Progresso”, programa da ditadura militar em parceria com os Estados Unidos que visava “frear o socialismo” na América Latina. Luiza deveria cuidar de uma criança pouco mais nova, com cinco anos de idade. “Foi uma experiência terrível”, afirma Luiza. “Eu não recebia salário. Meus ‘pagamentos’ eram comida e roupa, além de uma cesta básica para a minha família”, disse. 

 Luiza Batista já declarou que “patrão e trabalhador não precisam ser inimigos. Basta se respeitarem e cada um entender seus direitos e deveres. Mas tem patrão que é desumano”. Luiza Batista também já afirmou que ter respeito não é calar sempre e ser submissa. “Tive boa relação com todos com quem trabalhei, sem precisar ser puxa-saco e respondendo quando discordava de algo. Sou doméstica, a parte fraca da relação, mas isso não quer dizer que eu deva escutar calada tudo o que me disserem”, diz Luiza. E aponta um caminho. “Acho que as companheiras precisam participar mais do sindicato, para aprenderem sobre seus direitos e sobre como dialogar sobre isso com o patrão”. 

 Antes de entrar para o movimento sindical das trabalhadoras domésticas, Luiza Batista participou da luta por moradia, nos anos 1980. “Eu vivia de aluguel e sonhava ter casa própria. Morava no Alto Santa Terezinha e participava de reuniões do Conselho de Moradores do Morro da Conceição, que reivindicava moradia para muitas famílias daquela área”. A luta deu origem ao Passarinho, bairro em que Luiza vive até hoje e onde ajudou a fundar o Espaço Mulher, com Edicléa Santos – liderança feminina e que Luiza considera como uma irmã.

Em 2006, voltou a estudar, através do Projeto Trabalho Doméstico Cidadão. E nas aulas conheceu mulheres que já eram da diretoria do SINDOMÉSTICA/PE. E chegou a ser presidenta do sindicato por vários anos. Em 2011, organizou, no Recife, o 10º Congresso Nacional das Domésticas. Em 2013, organizou o primeiro encontro estadual de trabalhadoras domésticas. Já em 2016 foi eleita presidenta da FENATRAD.

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