Dossiê “RBSO 50 anos” traz reflexões sobre a Saúde e Segurança no Trabalho

Neoliberalismo, ergonomia, psicologia social do trabalho, cultura de segurança e acidentes ampliados estão entre os temas abordados

Foto: Reprodução

Por Fundacentro

Em 2023, a Revista Brasileira de Saúde Ocupacional (RBSO) completou seu cinquentenário. Em celebração, a revista lançou o dossiê temático “RBSO 50 Anos”, que traz editorial e ensaios que abordam diversos aspectos da Segurança e Saúde no Trabalho (SST).

Neoliberalismo

Em a “Sociedade neoliberal, saúde e segurança no trabalho”, o “Dossiê RBSO 50 Anos” traz um editorial reflexivo, a respeito da relação do neoliberalismo com as novas formas de trabalho, os incrementos tecnológicos e os ambientes laborais insalubres e inseguros.

“[…] a diminuição das margens para ação política, uma vez enfraquecidas as ações sindicais, aliada à transferência para o trabalhador da responsabilidade em produzir mais em menor tempo e com mais qualidade acrescentaram camadas na nova etapa de acumulação capitalista”, descrevem os editores-chefes da revista.

Ergonomia

No ensaio “A contribuição da ergonomia para a segurança no trabalho”, os autores promovem uma discussão sobre a contribuição da Análise Ergonômica do Trabalho para a prevenção de acidentes em sistemas de produção com altas taxas de acidentes e sistemas ultrasseguros.

A análise mostrou que, em alguns sistemas de produção, com alto risco de acidentes, existem alternativas de ação ainda não exploradas entre as relações de trabalho desfavoráveis e a percepção de inevitabilidade dos acidentes.

“Nos sistemas ultrasseguros, que parecem ter encontrado um limite, ainda podem melhorar a segurança, aproveitando os avanços recentes na análise da ação e cognição situadas e na construção de espaços de debate sobre o trabalho que permitam o retorno da experiência de campo, para alimentar ações de prevenção”, explicam os autores do ensaio.

Psicologia social do trabalho

“O campo da Saúde do Trabalhador e os desafios do trabalho na atualidade: uma reflexão a partir da Psicologia Social do Trabalho” é um ensaio que alerta sobre a importância de compreender o cotidiano do trabalho não protegido, com destaque para as dimensões subjetivas que caracterizam a complexidade da elaboração no país.

O contexto atual requer um reposicionamento das políticas públicas no campo da Saúde do Trabalhador. “Conhecer e atuar sobre as diversas realidades laborais do trabalho informal, compreender os processos de subjetivação dos trabalhadores no atual contexto e atuar em conjunto com movimentos sociais e outras formas de organizações coletivas” são alguns dos aspectos propostos pelos autores para haver uma promoção à saúde mais efetiva.

Cultura de segurança

Já “Cultura de segurança (CS) e relações de poder nas organizações” busca discorrer sobre as particularidades presentes na CS, trazendo para o ponto central da análise as relações de poder existentes nas organizações.

“A problematização está construída sob uma perspectiva interdisciplinar, mobilizando não somente referências teóricas específicas acerca da atividade humana no trabalho e da gestão da segurança nas organizações atuais, como também referências clássicas no campo da filosofia, sociologia e psicologia”, esclarecem os autores do texto.

O ensaio também traz uma contextualização sobre o desenvolvimento dos quatro tipos de cultura de segurança: fatalista, de ofício, gerencial e integrada.

Acidentes ampliados

O ensaio “Acidentes ampliados – mais do que um conceito, uma história de luta que precisa ser atualizada” apresenta e contextualiza o termo acidentes industriais ampliados e sua integração com temas relacionados à saúde ambiental e à SST.

O material mostra que, no século XXI, o padrão de acidentabilidade entra em um processo de deterioração social e ambiental, provocado pelo modo de uso dos recursos naturais e suas transformações em fluxo contínuo.

“Além das disfunções dos sistemas tecnológicos e organizacionais, a intensificação das vulnerabilidades institucionais (trabalho, segurança, saúde e meio ambiente), somada àquelas produzidas pelas desigualdades sociais, potencializam ocorrências e agravam os efeitos dos acidentes ampliados para muito além de suas fronteiras espaciais e temporais, sendo este quadro mais crítico nos países do Sul Global, como no Brasil”, detalham os autores do ensaio.

Fonte: Fundacentro

Clique aqui e leia o texto original.

Data original de publicação: 29/01/2024

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Translate »