“E TRAVESTI TRABALHA?”: divisão transexual do trabalho e messianismo patronal

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Por Joao Felipe Zini Cavalcante de Oliveira

RESUMO

Travestis e transexuais são tradicionalmente deixadas à margem da sociedade em razão do estigma que lhes persegue. Grande parte delas acaba por estar inserida na prostituição, seja por escolha ou necessidade, e têm sua inserção no mercado formal de trabalho prejudicada diante do preconceito e da discriminação. A essas pessoas (cuja humanidade, inclusive, é questionada pelos padrões impostos) a sociedade atribui, instantaneamente, a atividade prostituinte e o HIV, mas elas, definitivamente, não se limitam a isso. Travesti trabalha, e trabalha sob condições que tendem para uma maior exploração de sua mão-de-obra. Diante do preconceito que já as relaciona com condições de marginalidade, há uma maior tendência de seus empregadores em se atribuírem a “virtude” de salvadores e, assim, estariam em uma posição de “exigir mais” em razão da “oportunidade” por eles oferecida. Esta pesquisa busca compreender a realidade de trabalho de travestis e transexuais quando se encontram inseridas no mercado formal de emprego, mas também as condições que a permeiam, que a antecedem e, talvez, as que se sucedem. Passar-se-á por uma reconstrução e designação de conceitos importantes para se compreender o fenômeno estudado; as narrativas de vida de travestis e transexuais entrevistadas ao longo da pesquisa, até que se chegue em um ponto em que será possível analisar como se dá a relação travesti – patrão e realizar uma crítica do emprego enquanto “salvação”.

Palavras-chave: Travesti, transexual, trabalho, emprego, salvação.

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Data original de publicação: 27/02/2019

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