Coordenação | E-mails |
Ludmila Abílio (Unicamp) | l.c.abilio@gmail.com |
Henrique Amorim (Unifesp) | henriqueamorim@hotmail.com |
Ementa
O trabalho está passando por profundas transformações que envolvem novas formas de controle, gestão e organização, redefinições legais de suas regulações, desenvolvimento tecnológico e modos de subjetivação contemporâneos, entre outros elementos. Contudo, um fio condutor se destaca: a centralização do controle e a dispersão do trabalho, regidas por processos de financeirização, concentração de renda e pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), que criam e recriam meios para a exploração global e combinada do trabalho. Testemunhamos a consolidação do empreendedorismo como um elemento que permeia políticas públicas, regulações do trabalho, práticas empresariais e modos de subjetivação, além das críticas e perspectivas sobre a formação de sujeitos neoliberais. Surgem transferências de riscos e custos para os trabalhadores associadas aos novos modos de gerenciamento, que contam com a autotaylorização e o autogerenciamento subordinado, reestruturando modos de trabalho e de vida das classes trabalhadoras. É necessário focar também na saúde e segurança dos trabalhadores diante dos novos desafios relativos à fiscalização do trabalho, às formas de extensão e intensificação e aos adoecimentos. Nesse sentido, a uberização é compreendida como novas formas de controle e gerenciamento do trabalho que implicam o controle centralizado sobre enormes contingentes de trabalhadores informalizados, desprotegidos socialmente, reduzidos a trabalhadores sob demanda. As plataformas digitais proporcionam os meios para o que podemos definir como gerenciamento algorítmico do trabalho, que atualmente envolve o complexo e obscuro campo da extração e uso de dados e das regras da gestão do trabalho. Além dos meios digitais, a uberização apresenta-se como tendência que organiza, no presente ou como possibilidade futura, uma ampla gama de relações de trabalho, tais como as de profissionais da saúde, da educação, da comunicação, serviços domésticos, entre outros. O GT também tem como objetivo aprofundar o conhecimento sobre a relação entre uberização e a produção e reprodução de desigualdades e, mais especialmente, suas especificidades desde a periferia. O GT mira nos dilemas e desafios para o reconhecimento e a definição da exploração do trabalho, da valorização e acumulação capitalistas e consequentemente para os horizontes da crítica. Por fim, o contexto da pandemia – associado ainda às atuais formas de governo no Brasil — evidencia um aprofundamento desses dilemas, ao mesmo tempo que vemos em ato organizações coletivas e resistências que se fazem na relação com essas novas formas de organização e exploração do trabalho. Portanto, o GT Uberização, Trabalho Digital e Novas Formas de Controle e Resistência acolhe pesquisas que abranjam esses elementos por diferentes perspectivas e objetos, que procurem problematizar a uberização, a plataformização e uma variedade de formas de trabalho mediados pelas TICs. Dos serviços domésticos à programação de softwares, da tradução à entrega de alimentos e produtos, do microtrabalho ao transporte de objetos e pessoas, nosso GT tem como objetivo, sob diferentes perspectivas, matrizes teóricas e metodológicas, analisar e discutir a uberização do trabalho, em suas múltiplas dimensões.