‘Há um mês não vejo minha filha’: enfermeiros vivem rotina de longas jornadas, baixos salários e, agora, solidão
Por Camilla Veras Mota | BBC News
Braulita Braga está há um mês e meio sem ver a filha, Luize.
“Desde que a pandemia de covid-19 chegou à cidade de Fortaleza, a enfermeira está isolada da família — inclusive dos pais, com quem costumava almoçar sempre que os horários pouco convencionais da profissão permitiam.
Braulita faz parte de um exército de mais de 1 milhão de profissionais de enfermagem que estão na linha de frente contra o novo coronavírus. Histórias como as dela têm se repetido com frequência durante a pandemia.
Com medo de infectar os familiares, muitos desses profissionais se isolaram e têm vivido nas últimas semanas uma mistura de angústia e solidão. À sobrecarga emocional — que vem do temor de ser infectado, da hostilidade por que muitos passam no transporte público ou mesmo em casa, pelo companheiro — se somam o esgotamento que vem do trabalho em si e, em muitos casos, a alta exposição ao risco representado pelo novo coronavírus.
No Brasil, além da dupla ou tripla jornada, os profissionais de enfermagem também convivem com baixos salários.
Mais de 60% ganham menos de R$ 2 mil por mês (62,2%) e mais de um terço (38,7%) têm jornadas superiores a 41 horas semanais. Cerca de 3,5% recebem mais de R$ 5 mil por mês.”
Fonte: BBC News
Data original de publicação: 17/05/2020