Lugares de Memória dos Trabalhadores: Corporação Musical Operária da Lapa, São Paulo (SP)
Por Leonardo Mello e Silva | Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho
A Corporação Musical Operária da Lapa surgiu no início do processo de industrialização brasileira. A cidade de São Paulo, a partir da Primeira República, tornou-se o centro da modernidade industrial capitalista do país. A Lapa era um dos vários bairros industriais da cidade que emergiram nesse período.
Naquele contexto, um forte associativismo operário prosperou. Para além de um importante movimento reivindicativo por direitos sociais, cujo maior símbolo e expressão foi a greve geral de 1917, organizações culturais e de lazer, como bandas de música, grupos teatrais, times de futebol e grupos de passeio (tais como saídas para piqueniques), eram marcas características do movimento operário daquela época. Algumas dessas instituições permanecem até os dias hoje, como a Corporação Musical Operária da Lapa
A data oficial de fundação da Corporação é 1914, mas sua origem remonta a 1881. Nos primeiros anos do século XX ela teve a denominação de Banda XV de Novembro, como que a afirmar sua posição pró-republicana. Mas também já se chamou “Lira da Lapa” e “Banda Sete de Setembro”, além de “Banda dos Ferroviários”, pelo fato de agregar muitos empregados da Sorocabana e da Santos-Jundiaí (a linha coberta pela antiga São Paulo Railway).
Suas apresentações aconteciam inicialmente em procissões, quermesses, além de clubes operários (como o União Lapa Clube) e carnavalescos (como o Carnavalesco Lapeano). Desta forma, ganhou certa projeção na cidade.
A banda era restrita apenas aos músicos homens (o que só mudaria no final dos anos 1970). As primeiras gerações eram compostas apenas por italianos e seus descendentes, muitos deles trabalhadores industriais ou artesãos empregados nas fábricas e oficinas da região. (…)
Fonte: Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho
Data original da publicação: 07/05/2020