“Mercado de Trabalho Brasileiro em 2024 – Realidade e Desafios” é tema da Rede de Observatórios do Trabalho realizado pelo MTE e Dieese

O MTE e o Dieese promovem, nos dias 12 e 13 de junho, o encontro da Rede de Observatórios do Trabalho, que reúne representantes dos observatórios do Trabalho de 21 estados e de 11 municípios com mais de 200 mil habitantes, além de palestrantes de diversas entidades

Foto: Matheus Damascema/MTE | Reprodução

Por Ministério do Trabalho e Emprego

O Brasil possui, em 2024, 100 milhões de pessoas ocupadas e 8 milhões de desocupadas. Esses números foram debatidos na mesa “Mercado de Trabalho Brasileiro em 2024 – Realidade e Desafios”, durante o primeiro Encontro da Rede de Observatórios do Trabalho, realizado na quarta-feira (12) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O evento reuniu representantes dos observatórios do trabalho de 21 estados e de 11 municípios com mais de 200 mil habitantes, além de palestrantes de diversas instituições, como IBGE, Unicamp, Instituto Federal do Maranhão e Dieese.

O economista e presidente do IBGE, Marcio Pochmann, professor, especialista em mercado de trabalho, discutiu a forma de produção e análise dos dados no Brasil e apontou mudanças que influenciam no mundo do trabalho no Brasil. “Como entender a atualidade do mundo do trabalho, como sendo um destino ao qual o país se encontra frente às transformações mais gerais no mundo? Ou como sendo fruto das opções do país em políticas do trabalho tomadas em tempos mais recentes?” questionou Pochmann. O presidente aponta quatro mudanças significativas que impactam no mundo do trabalho.

A primeira, segundo ele, está relacionada à alteração do centro dinâmico do mundo, do Ocidente para o Oriente, por meio do protagonismo chinês, que impacta as relações comerciais no Brasil. A segunda, é a transição para a era digital, que faz com que as formas de trabalhar, distribuir, viver, sejam impactadas. “Ao mesmo tempo que constitui uma divisão internacional de trabalho entre os países que produzem, geralmente exportam bens e serviços digitais, e os países que não têm capacidade de produzir, portanto, são importadores. Isso divide o tipo de emprego que cada país pode cria”, explica. Na sequência, Pochmann disse que a terceira mudança está relacionada ao antropoceno, ao regime climático, que está alterando profundamente as condições operacionais da atividade econômica e da moradia. “As catástrofes, os efeitos decorrentes das mudanças climáticas, as inundações, a elevação do nível do mar. Isso vai rebater, evidentemente, várias cidades, tanto isso que o Brasil concentra ainda a sua maior parte da população, muito próximo da região litorânea”, exemplifica. E a quarta mudança, segundo Pochmann, está associada ao novo regime demográfico, que é a alteração da trajetória da população brasileira, tendo em vista uma queda importante da taxa de fecundidade de um lado, e de outro lado o aumento da expectativa de vida que vem acompanhada, do processo de envelhecimento da população.

Marcelo Manzano, pesquisador do Instituto de Economia da Unicamp, analisou diversos dados e indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de Dados (PNAD) que apontam a recuperação do mercado de trabalho nos últimos dois anos pós-pandemia. A população brasileira ocupada é de cerca de 100 milhões de pessoas sendo que 8 milhões estão desocupadas e a partir das mudanças estruturais da economia, atualmente, como o processo desindustrialização que vem ocorrendo nas últimas décadas, coloca quase 70% dos empregos gerados no Brasil no setor de serviço e o setor agropecuário em quinto lugar depois da indústria, construção e comércio. Segundo ele, vários indicadores se aproximam dos patamares observados antes da crise de 2015 e 2016, mas ressaltou que o processo econômico ainda reproduz mecanismos atrasados de geração de emprego e renda. E no caso da taxa de desocupação, Manzano observa que as desigualdades regionais de gênero e raça seguem muito elevadas e que os jovens são mais suscetíveis ao desemprego. “A subutilização da força de trabalho, embora tenha caído de forma importante, ainda está alta, ainda estamos distantes do primeiro emprego”, afirma.

Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do MTE e mediadora da primeira mesa do Encontro, chamou a atenção para o trabalho intermitente de profissionais qualificados, como professores e trabalhadores da área de saúde. Ela exemplificou a contratação temporária desses profissionais, que enfrentam jornadas e salários menores e maior insegurança. Paula citou como exemplo a contratação de professores e pessoas da área de saúde, que deixaram de ocupar postos de trabalho concursados por tempo indeterminado. Na maioria dos estados, esses profissionais são admitidos em fevereiro, demitidos em junho, passam julho sem salário, são demitidos em agosto e são demitidos no final de novembro ou início de dezembro. “Essas profissões, durante muito tempo, foram um sonho de consumo de muitos segmentos populacionais. Eles perderam essa condição de um posto de trabalho melhor”, ressaltou Montagner.

A Mesa “Mercado de Trabalho Brasileiro em 2024 – Realidade e Desafios” pode ser vista no canal do MTE no YouTube.

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego

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Data original de publicação: 13/06/2024

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