Não são apenas animais não-humanos que sofrem na indústria da carne
Amanda Justiniano
Não são apenas animais-não humanos que sofrem
terrivelmente na indústria da carne; no Brasil, os trabalhadores de
frigoríficos também são vítimas de inúmeras doenças geradas ou agravadas
pelos desumanos processos de produção dessas empresas.
Além
de psicologicamente desgastante, o trabalho na linha de produção na
indústria de carnes e demais produtos de origem animal causa inúmeros
danos à saúde física de trabalhadores. E, infelizmente, as maiores
empresas do ramo frigorífico do Brasil ainda obtém lucro adicional os
privando de seus direitos trabalhistas.
De acordo com o
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), praticamente todos os grandes
frigoríficos brasileiros já foram multados por omitirem acidentes de
trabalho graves e afastamentos por invalidez. A lógica da omissão é
simples: como o impacto dessas multas no orçamento milionário dessas
empresas é praticamente nulo, elas preferem ser autuadas a adequar sua
linha de produção para que pessoas não sejam feridas. Afinal, numa
indústria que depende da mais cruel exploração, o lucro é sempre mais
importante do que direitos.
Essas empresas reconhecem
apenas os casos mais graves, quando o trabalhador é obrigado a ficar
afastado e passa a receber os benefícios do INSS. Contudo, nem mesmo
esses afastamentos mudam a causa do problema:“Após o término do
atestado, o trabalhador retorna ao trabalho e novamente é obrigado a se
expor às mesmas condições anteriores,” explica Renata Matsumoto,
auditoria fiscal do trabalho em São Paulo, especializada em ergonomia.
Assim como acontece com os animais explorados para consumo, quando o trabalhador está totalmente desgastado, com sua saúde debilitada pela própria empresa, é demitido sem nenhum tipo de auxílio, a menos que o médico do INSS reconheça a culpa da empresa. Neste caso, ela fica impedida de demiti-lo durante um ano, e é justamente por isso que as mesmas omitem acidentes de trabalho e ficam livres para descartar funcionários “gastos” – da mesma forma que descartam os animais explorados.
Ao deixar de comunicar ao governo casos de empregados que adoecem em função do trabalho, as empresas também economizam um valor obrigatório para cobrir aposentadorias especiais e benefícios decorrentes de acidentes de trabalho, deixando o prejuízo para a Previdência.
É desta forma que as grandes empresas do ramo frigorífico seguem lucrando no Brasil: responsáveis pelo abuso de trabalhadores, tortura de animais e degradação ambiental, sem jamais ter que pagar pelos danos que causam.
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(texto baseado em investigação da Reporter Brasil)
Fonte: Mercy For Animals
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Data original de publicação: 1 de maio de 2017