NOTA DA ABET – TRABALHO EM CONDIÇÕES ANÁLOGAS À ESCRAVIDÃO EM BENTO GONÇALVES
Por Associação Brasileira de Estudos do Trabalho
A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS DO TRABALHO – ABET manifesta seu repúdio à exploração de trabalhadores em condições análogas às de escravos em Bento Gonçalves, conforme flagrado pela fiscalização do trabalho e amplamente repercutido na mídia, bem como externa seu profundo repúdio e indignação contra as declarações do Centro de Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves. A acintosa nota da referida entidade, além da tentativa infrutífera de eximir as vinícolas da responsabilidade pela exploração do trabalho em suas cadeias produtivas, tentando blindar-se com a terceirização, aponta como motivação para a redução de pessoas à condição análoga de escravos a existência de políticas públicas que asseguram aos trabalhadores locais renda e dignidade suficiente para que possam se recusar à prestação de serviços em favor de empregadores violadores das garantias fundamentais, revelando despudoradamente os seus interesses econômicos na reprodução da pobreza, no desamparo e na recusa da cidadania de trabalhadores livres. Reiteramos que o compromisso com trabalho protegido e com a garantia de renda, cidadania e proteção social a todos os brasileiros/as concorrem para o estabelecimento de patamares de desenvolvimento econômico compatíveis com a democracia, sistema incompatível com o patrimonialismo, a desumanização e a exploração sem peias de quem vive do trabalho.