Os efeitos da pandemia sobre os rendimentos do trabalho e o impacto do auxílio emergencial: os resultados dos microdados da PNAD Covid-19 de julho
Por Sandro Sacchet de Carvalho | IPEA
“Os impactos da pandemia sobre os rendimentos de julho podem ainda ser medidos pelas diferenças entre a renda média efetivamente recebida e a renda média habitualmente recebida. A análise dos microdados da PNAD Covid-19 de julho revela que os rendimentos médios habitualmente recebidos foram de R$ 2.377, enquanto os efetivamente recebidos foram de R$ 2.070, ou seja, 87% dos rendimentos habituais, valor 4 pontos percentuais (p.p.) acima do mês anterior. Os trabalhadores por conta própria receberam efetivamente apenas 72% do que habitualmente recebiam (contra 63% em junho), tendo seus rendimentos efetivos médios alcançado apenas R$ 1.376. Já os trabalhadores do setor privado sem carteira assinada receberam efetivamente 85% do habitual. Trabalhadores do setor privado com carteira e funcionários públicos, por sua vez, receberam efetivamente em média acima de 90% do habitual.
Os dados mostram também que 6,5% dos domicílios (cerca de 4,4 milhões) sobreviveram apenas com os rendimentos recebidos do auxílio emergencial (AE), mesma proporção que em junho. Além disso, em média, após considerar o AE, a renda domiciliar ultrapassou em 1% a que seria caso houvesse recebido rendimentos do trabalho habituais. Esse impacto foi maior entre os domicílios de renda baixa, em que, após o AE, os rendimentos atingiram 124% do que seriam com as rendas habituais.
Os microdados da PNAD Covid-19 de julho nos permitem avaliar que o AE foi suficiente para superar em 16% a perda da massa salarial entre os que permaneceram ocupados, um acréscimo de 31 p.p. em relação ao mês anterior. Os dados da PNAD Covid-19 de julho são claros em mostrar, seja analisando por faixa de renda ou por região, que o papel do AE na compensação da renda perdida em virtude da pandemia foi proporcionalmente maior que no mês anterior, principalmente nos domicílios de baixa renda. Isto se deve tanto pelos maiores desembolsos do
auxílio em julho quanto, principalmente, pelas diferenças entre as rendas efetivas e habituais, que começaram a diminuir de forma mais acentuada entre aqueles que foram mais atingidos. (…)”
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Fonte: IPEA
Data original da publicação: 27/08/2020