Os reajustes salariais de agosto de 2024

Reprodução

Pelo DIEESE


DE OLHO NAS NEGOCIAÇÕES

Os reajustes salariais de agosto de 2024
Número 48 – Setembro de 2024

A análise das negociações da data-base de agosto revela que 86,7% dos 60 reajustes registrados na base de dados do Mediador até o dia 12 daquele mês obtiveram ganhos reais, segundo comparação com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE). Além disso, 3,3% dos reajustes foram iguais à variação dos preços, e 10% ficaram abaixo dessa variação.

Embora os dados indiquem coerência com o quadro observado nos meses anteriores, especialmente em relação ao percentual de reajustes acima do INPC, é necessário cautela ao interpretá-los. Isso porque os dados se baseiam em uma amostra reduzida, uma vez que o sistema Mediador esteve inoperante devido a problemas técnicos nas últimas semanas.

Fontes: Ministério do Trabalho e Emprego, Mediador; IBGE, INPC
Elaboração: DIEESE.
Observações:
a) Valores em percentuais;
b) Situação em 12/08/2024.


Distribuição dos reajustes salariais em comparação com o INPC-IBGE, por data-base (%)
Brasil, últimas 15 datas-bases:

  • Jun/23: 1,9% (abaixo do INPC-IBGE), 16,8% (igual ao INPC-IBGE), 81,2% (acima do INPC-IBGE)
  • Ago/23: 8,4% (abaixo do INPC-IBGE), 10,5% (igual ao INPC-IBGE), 84,7% (acima do INPC-IBGE)
  • Ago/24: 6,0% (reajustes analisados).
    Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego, Mediador.
    Elaboração: DIEESE.
    Observação: Situação em 12/08/2024.

As categorias com data-base em agosto registraram um ganho real médio de 1,08%, acima do INPC. Esse percentual é o menor observado para uma data-base desde dezembro de 2023. Contudo, esse valor pode sofrer alterações à medida que novos reajustes de agosto sejam registrados no sistema Mediador.

Gráfico: Variação real média dos reajustes salariais, por data-base (%)
Brasil, últimas 15 datas-bases.

O reajuste necessário para as categorias com data-base em setembro, equivalente à variação acumulada do INPC nos doze meses anteriores, foi de 3,71%, representando uma redução em relação ao reajuste necessário em agosto, reflexo da deflação observada naquele mês.


Reajustes parcelados: Nenhum dos 60 reajustes da data-base de agosto analisados pelo DIEESE foi pago de forma parcelada.

Reajustes escalonados: Nenhum dos reajustes de agosto foi escalonado, ou seja, pago em percentuais diferenciados segundo a faixa salarial do(a) trabalhador(a) ou o tamanho da empresa.

Fontes: Ministério do Trabalho e Emprego, Mediador.
Elaboração: DIEESE.
Observação: Situação em 12/08/2024.


Não se observam variações significativas no comportamento dos reajustes salariais por setores econômicos. Tanto a indústria quanto o setor de serviços apresentaram os maiores percentuais de ganhos reais (87,9% e 86,8%, respectivamente).


Distribuição dos reajustes em 2024: Até agosto, 86,1% dos 9.613 reajustes analisados registraram aumentos reais em relação ao INPC, 10,5% foram iguais à variação do índice de inflação, e apenas 3,4% ficaram abaixo dessa variação. A variação real média dos reajustes em 2024 foi de 1,54% acima da inflação.

Resultados por setor econômico
Brasil, janeiro a agosto de 2024:

  • Comércio: 77,0% (acima do INPC), 9,2% (igual ao INPC), 13,0% (abaixo do INPC)
  • Indústria: 87,9% (acima do INPC), 4,0% (igual ao INPC), 9,3% (abaixo do INPC)
  • Serviços: 86,8% (acima do INPC), 2,9% (igual ao INPC), 9,3% (abaixo do INPC).

Os reajustes acima do INPC predominaram em todas as regiões geográficas, com destaque para a região Sudeste, onde 89,2% das negociações resultaram em aumentos reais.


Resultados por tipo de instrumento coletivo: Tanto os acordos coletivos quanto as convenções coletivas registraram percentuais elevados de reajustes acima do INPC, sendo mais frequentes entre os acordos coletivos. As convenções apresentaram, proporcionalmente, menos reajustes abaixo do índice inflacionário.


Pisos salariais por região geográfica: Os maiores pisos salariais médios e medianos estão na região Sul (R$ 1.777,71 e R$ 1.739,59, respectivamente), enquanto os menores são os do Nordeste (R$ 1.562,39 e R$ 1.459,95, respectivamente).


Fonte: DIEESE

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