Para entender e resistir à plataformização do trabalho

Foto: DIEESE

Curso do Dieese analisa o processo de uberização, seu espraiamento para setores da economia (muito além das entregas e transporte) e a necessária rearticulação das lutas sindicais. Sugere: será preciso imaginação política e frear desmontes

Entregadores e motoristas são apenas a face mais visível, mas o processo de plataformização de trabalho avança também sobre diversos outros setores da economia. São cuidadores, advogados, jornalistas, arquitetos, profissionais de saúde e turismo, manicures, cabeleireiras, educadores e muitos outros precarizados, sem direitos trabalhistas e sob os despotismos das empresas-aplicativos.

Para entender como elas operam, suas conexões com o aprofundamento das políticas neoliberais e da digitalização da economia e como o movimento sindical pode ser rearticulado nesse contexto, o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômico (Dieese), entidade que desde 1955 desenvolve pesquisas sobre o Trabalho no Brasil, promove o curso “Plataformas de Trabalho: Desafios para o Movimento Sindical”.

Serão cinco aulas online, ministradas pela socióloga Ana Cláudia Moreira Cardoso, pós-doutora pelo Centre de Recherche Sociologiques e Politiques de Paris e membro do GT Digital da Rede de Estudos e Monitoramento da Reforma (Remir). Cardoso também coordenou as duas edições da Revista da Faculdade do Dieese de Ciências do Trabalho sobre as plataformas de trabalho, que Outras Palavras republica semanalmente.

“O curso é aberto a todas as áreas”, explica a pesquisadora. “Nosso objetivo é promover uma troca de conhecimento entre a academia, o setor jurídico e o movimento sindical, como acontece em outros cursos que realizamos. Isso é essencial para construir alternativas”.

Segundo ela, o curso surge como uma “necessidade do movimento sindical conhecer o processo que eu chamo de espraiamento da plataformização do trabalho”.

“De uma forma geral, a sociedade ainda acha que as plataformas de trabalho se resumem aos setores de entrega e de transporte”, acrescenta Cardoso. “A ideia é que o movimento sindical conheça como as plataformas estão entrando e ocupando os diversos setores da economia – e, evidentemente, a partir desse conhecimento, conseguir construir estratégias, o que não é fácil, porque sabemos que o processo de plataformização é uma partezinha de um processo muito mais amplo.”

O curso também contará com relatos de trabalhadores de plataformas e participação de pesquisadores convidados. Serão abordados temas como as novas formas de gestão algorítmica e gamificada das empresas-aplicativos, a precarização do trabalho, as reivindicações dos trabalhadores (e suas novas formas de organização) e as perspectivas para a regulação do trabalho via plataforma digital.

“O processo de plataformização é resultado do aprofundamento das políticas neoliberais e da digitalização da economia”, analisa a pesquisadora. “Só assim conseguimos entender porque seria possível ter plataformas de trabalho e não ter um trabalho precarizado. É preciso compreender como a precarização do trabalho (e o espraiamento das plataformas) na economia, a necessidade de regulação: tributária, ambiental, do consumidor e trabalhista. inclusive o processo de concentração das plataformas. Por exemplo, a Uber já avança sobre o setor da Saúde em diversos países”.

Plataformas de Trabalho: Desafios para o Movimento Sindical, curso online e ao vivo da Escola Dieese de Ciências do Trabalho. Dia 15, 17, 22, 24 e 29 de março (das 14h às 16h30). Inscrições aqui. Mais informações sobre matrículas e valores do curso: (11) 9 8873-4071 o pelo e-mail contatoescola@dieese.org.br

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Fonte: Outras Palavras

Data original de publicação: 21/02/2022

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