PESQUISA DE CAMPO: Investigando o trabalho na RAPPI

Foto: Rappi/Divulgação

Por Vanessa Cunha de Souza | Assalariados Digitais

O plano de pesquisa “O trabalho na plataforma Rappi” do projeto PIBIC “Plataformas digitais de trabalho: análise crítica das relações de trabalho em plataformas de compras e entregas”  iniciou a fase de pesquisa de campo.

O objetivo da pesquisa é conhecer as condições de trabalho dos entregadores da plataforma.

Para tanto, a equipe de alunos e professor vão às ruas, nos principais pontos em que esses profissionais ficam, para aplicar um questionário de pesquisa e fazer entrevistas.

As perguntas estão relacionadas a jornada, remuneração, riscos de trabalho, bem como também buscam conhecer o perfil das pessoas que trabalham nessa atividade. Em sua maioria, são questões que buscam analisar o nível de controle exercido pela plataforma e a percepção do trabalhador quanto a esse fenômeno.

Além disso, a iniciativa também tem o papel de estimular o pensamento crítico dos entregadores,  tendo em vista que propícia uma reflexão quanto ao controle exercido pela plataforma e quanto aos limites da flexibilidade. 

Aliás, essa suposta flexibilidade, tão pregada pelas plataformas digitais, serve como justificativa para o esvaziamento de qualquer tipo de vínculo com o profissional, chamado “parceiro”, fazendo com que os riscos da atividade econômica corram completa e exclusivamente por conta do trabalhador, que não tem qualquer tipo de proteção.

Os entregadores, tiram de seu próprio bolso todo equipamento e serviços necessários ao desenvolvimento da atividade, como internet, celular, manutenção do veículo, alimentação, emplacamento, gasolina, mas não têm qualquer tipo de indenização ou reembolso desses valores.

Por outro lado, embora considerados como trabalhadores autônomos, não possuem qualquer ingerência quanto ao valor da remuneração pelas corridas. Ao contrário, o valor é previamente estabelecido pela empresa, quem vem contando com um sistema que cada vez mais busca auferir lucros, como o de entrega dupla, por exemplo, que barateia os custos da entrega, pois é feito o combo de várias entregas conjuntas para a mesma localidade. 

Assim, o entregador ganha uma remuneração menor de que o valor na entrega individual de cada produto, sobrando um valor excedente. 

Contudo, esse valor a maior não é repassado para o restaurante parceiro, tampouco como desconto para o cliente Rappi. Logo, na redução da taxa de entrega do motoboy com o sistema de entrega dupla, a Rappi encontra mais uma forma de lucro, enquanto o entregador é compelido a levar uma “bag” mais pesada, sendo exposto a lombalgia e outros riscos ergonômicos, por excesso de peso. 

Para esses trabalhadores, resta o cenário de total incerteza quanto ao dia de amanhã e até quanto a hora seguinte, pois podem vir a se ser bloqueados do aplicativo, sem qualquer forma de justificativa por parte da Rappi e sem chance de oferecimento de contraditório.

Ao fim da entrevista, é oferecido ao entregador o contato do Grupo de Pesquisa Transformações do Trabalho, Democracia e Proteção Social (FDUFBA) e do número para assessoria jurídica oferecida pelo projeto Caminhos do Trabalho (FEUFBA).

Clique aqui e leia a matéria completa

Fonte: Assalariados Digitais

Data original de publicação: 21/03/22

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Translate »