Plataformas digitais dominam todo o processo de verificação dos fatos, diz professor
Por Camila Bezerra | Jornal GGN
O programa TVGGN 20H discutiu, na última sexta-feira (5), discutiu as agências de checagem e o sequestro de informações com Afonso Albuquerque, professor do Programa de Pós Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense e Coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Disputas e Soberanias Informacionais (INCT-DSI).
Além de contextualizar a história do fact-checking no mundo e no Brasil, Albuquerque comentou as mudanças recentes em relação às agências especializadas em analisar a veracidade de informações.
“Se você olhar no primeiro momento, nos Estados Unidos, você pode concordar ou não com a metodologia de assumir que isso é verdade, o que é muito complicado porque as fontes sempre são ambíguas, sempre são suspeitas, as fontes oficiais não são fontes que podem ser 100% confiáveis, mas a respeito disso havia uma certa intenção de um trabalho com uma certa qualidade”, aponta o professor.
Porém, graças à influência de grandes plataformas, como Google e Meta, estas organizações se tornaram uma espécie de oligopólios da grande mídia, em que são padronizados certos discursos de verdade.
“Industrializaram o fact-checking e venderam o modelo mundo afora, usando-o em várias instituições, inclusive instituições universitárias”, continua o entrevistado.
Domínio
Albuquerque aproveitou o espaço para chamar mais atenção ainda para a atuação das plataformas digitais, que se lançam como a solução para combater a desinformação e definir os parâmetros do bom jornalismo.
“A natureza das agências de checagem mudou. O fact-checking raramente checa o discurso público. Ele checa mais o discurso publicado na internet, publicações instantâneas. Na premissa da verificação dos fatos, a proposta era ter mais tempo para checar as informações. Agora não tem mais tempo e usa-se inteligência artificial para fazer essa checagem.”
Assim, forma-se um ciclo dominado pelas plataformas: são elas que financiam agências e oferecem as ferramentas para a averiguação da própria plataforma, dirigindo todo o processo ao conduzir o olhar crítico do que é publicado nelas.
“Todos esses agentes, de alguma forma, estão tentando negociar o seu status com o fato de que as plataformas roubaram boa parte do seu negócio. Tem uma história interessante nesse negócio que as plataformas priorizaram o jornalismo. Agora elas oferecem uma espécie de boia, que pressupõe uma certa afinidade ideológica, mas que lembra que as empresas fluem a serviço deles”, conclui o entrevistado.
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Fonte: Camila Bezerra | Jornal GGN
Data original de publicação: 06/01/2024