Temáticas Unicamp – 20/05/2025
A revista Temáticas tem a satisfação de comunicar que está aberta a chamada de manuscritos para compor o dossiê O trabalho em cena: entre permanências, transformações, disputas e resistências.
Comissão organizadora: Eduardo Rezende Pereira (Doutorando em Ciência Política, UNICAMP), Maria Júlia Tavares Pereira (Doutoranda em Sociologia, UNICAMP), Mateus Oliveira dos Santos (Mestrando em Sociologia, UNICAMP), Silvio Rogério dos Santos (Doutorando em Antropologia, UNICAMP) e Cristina Teixeira Marins (Doutora em Antropologia, UFF)
Período de submissão: de 01/06/2025 até 31/08/2025 – Prorrogado até 30/09/2025
Publicação prevista para o dossiê: julho de 2026
As produções acadêmicas nacionais acerca dos impactos da (des)regulamentação social e trabalhista e de novas configurações do trabalho têm sido crescentes. Isto pode ser atribuído, em parte, aos efeitos da reforma trabalhista aprovada em 2017 pelo governo de Michel Temer (MDB) e ao avanço das novas formas de organização, gestão e controle do trabalho, que instigam a Academia a compreender as permanências, transformações, disputas e formas de resistência em curso. O fenômeno da “uberização” do trabalho, em especial, tem recebido muita atenção desde que emergiu enquanto problemática, sobretudo a partir do Breque dos Apps em 2020, quando passou a ser um tema de destaque na mídia, tornando-se, desde então, pauta nas esferas do executivo e do legislativo com o PLP 12/2024 do Governo Federal. A Associação Brasileira de Estudos do Trabalho (ABET), por sua vez, criou o Grupo Temático intitulado “Uberização e Plataformização do Trabalho: Novas Tecnologias, Controle e Resistência”, que no último encontro nacional realizado em 2023 recebeu mais de 40 propostas de trabalhos de pesquisadores interessados na discussão do tema a partir de diferentes áreas disciplinares e concepções teórico-metodológicas.
Frente às velhas e novas formas de exploração do trabalho, e as formas de resistência que emergem em instituições e nas ruas, cientistas sociais produzem análises sob diferentes perspectivas teóricas e metodológicas sobre a temática. Muitas pesquisas enfatizam o controle exercido pelas empresas detentoras das plataformas e enquadram a “uberização” como um avanço da precarização do trabalho. Uma parcela dessas análises relaciona a discussão sobre o controle exercido pelas empresas às disputas, formas de resistência e agência dos trabalhadores. Na Sociologia, pesquisadores têm investigado as dimensões estruturais das desigualdades e as condições de trabalho. Na Ciência Política, por sua vez, encontramos debates sobre a regulação do trabalho em plataformas e a organização coletiva oficial ou extraoficial dos trabalhadores, relevando seus desafios. Já a Antropologia tem privilegiado o olhar sobre as experiências e a subjetividade dos trabalhadores, observando os significados conferidos por eles a categorias como “empreendedorismo”, “resistência” e “autonomia”. Comprovando que as fronteiras disciplinares não são rígidas, essas produções consolidam diálogos entre as áreas das Ciências Sociais e outras como a Economia, o Direito, a Comunicação e a Psicologia, que têm produzido estudos sobre as complexas dinâmicas sociais que permeiam o tema do trabalho.
Assim, esta proposta de dossiê busca abordar as permanências e transformações no mercado de trabalho brasileiro, num contexto de (des)regulamentação social e trabalhista caracterizado pelo processo de precarização do trabalho, em relação às disputas políticas, práticas de resistência e agência dos trabalhadores.
Os artigos submetidos poderão explorar os seguintes tópicos:
1) Permanências e transformações no mundo do trabalho: análises sobre formas de organização, gestão e controle da força de trabalho e seus efeitos sobre a precarização social, organização coletiva, resistência e agência de trabalhadores;
2) Impactos da precarização sobre as condições de trabalho: investigações sobre saúde e segurança, jornadas, renda e acesso a direitos, e a mobilização dessas pautas por organizações e práticas de resistência dos trabalhadores;
3) Empreendedorismo: análises sobre sua relação com a precarização do trabalho, formas de resistência e agência dos trabalhadores;
4) Desigualdades sociais: investigações que exploram os imbricamentos entre classe, raça, gênero e outros marcadores sociais da diferença em relação ao trabalho, a organizações e a resistência de trabalhadores;
5) Políticas públicas e regulação do trabalho: análises sobre disputas e reivindicações de trabalhadores acerca da elaboração de políticas públicas e regulamentação social e trabalhista.
ABET Associação Brasileira de Estudos do Trabalho