Sem ajuda de Trump ou Bolsonaro, imigrantes brasileiros sofrem em crise do coronavírus nos EUA

Imagem: Pixabay

Por Mariana Sanches e Rafael Barifouse |BBC News

“Por dividir um apartamento de três quartos com outras oito pessoas, Otávio* não conseguiria disfarçar os sintomas mesmo se quisesse. Há três semanas, começou a ter febre alta, tosse e dores de cabeça. “Tinha nevado e fazia frio. Não estamos acostumados com esse tempo e achamos que ele tinha pego uma gripe”, conta à BBC News Brasil Fabiana*, de 32 anos, que dividia com o rapaz o apartamento em Everett, na região de Boston, no nordeste dos Estados Unidos. Ele tinha sido infectado com o coronavírus.

Mas todos os moradores só souberam disso depois que Otávio foi retirado de casa por uma ambulância, sem conseguir respirar. Há dez dias, ele está entubado e sedado na UTI de um dos hospitais do Estado de Massachussets que atendem imigrantes indocumentados como eles.

Grávida de 5 meses, Fabiana* também contraiu a doença. Ela, o marido e o filho, de 2 anos, chegaram aos Estados Unidos há quase um ano, depois de deixar para trás a oficina mecânica dele e os serviços de confeiteira dela em Vilhena, no Estado de Rondônia.

Com uma renda familiar de R$ 1,5 mil, eles não conseguiram visto de turismo e resolveram atravessar a fronteira do México para chegar a El Paso, no Estado do Texas, uma travessia ilegal feita por um número recorde de brasileiros no último ano: quase 20 mil, segundo estimativas.

“A gente achava que finalmente ia viver os sonhos que já tinha deixado pra trás, que a gente ia mandar dinheiro pro Brasil. Era tudo ilusão. Quem pensa que vai vir pros Estados Unidos pra passar necessidade?”, ela relata, em lágrimas.

Fabiana já emagreceu 25 quilos desde a viagem, que custou US$ 15 mil dólares, apenas parcialmente pagos a um coiote — o traficante de pessoas que viabiliza a entrada irregular de imigrantes pela fronteira. “Demos quase tudo o que a gente tinha, chegamos no país com US$ 100 no bolso”, diz.

O marido arrumou “bicos” como azulejista, carpinteiro, faxineiro, ajudante. Cada dia em um lugar, com um patrão diferente. Recebia cerca de US$ 120 por dia. Mas, com a doença e o fechamento quase completo dos comércios há cerca de um mês, todos os trabalhos desapareceram.”

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Fonte: BBC News
Data original de publicação: 09/04/2020

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