Série “A Devastação do trabalho: a classe do labor na crise da pandemia” – 21/1 a 29/4
Por CESIT
“O Instituto de Economia convida, através de seu Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit), para a série “A Devastação do trabalho: a classe do labor na crise da pandemia”, título do livro homônimo, que será apresentado ao longo do ciclo de debates. Baixe o livro aqui.
O conjunto de atividades está organizado em 12 encontros, semanais e gratuitos. Quem tiver interesse, haverá a possibilidade de solicitar um certificado de participação em todo o ciclo, para isso, será necessário cumprir a exigência de participar de ao menos 75% das aulas. Veja abaixo a apresentação do programa e o cronograma.
Link para inscrição:
https://forms.gle/ANES3BfguYda9NaE6
Link para assistir a cada um dos encontros ao vivo:
https://www.youtube.com/c/institutodeeconomiadaunicamp/live
Apresentação:
A recessão econômica instalada em 2020 tornou-se uma das mais graves na história do capitalismo brasileiro. Ainda que a crise sanitária imposta pela pandemia da COVID-19 tenha impactado decisivamente em praticamente todo o mundo, o país deu mostras que já havia ingressado o ano na condição do decrescimento no conjunto das atividades produtivas, bem antes, portanto, do começo da disseminação viral.
Em 2019, por exemplo, a desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) foi registrada, com variação inferior aos dois últimos anos. Com isso, o Brasil fechou os anos de 2010 como a primeira década perdida do ponto de vista econômico.
Se confirmada para 2020 a contração econômica prevista para ser acima de 5%, o próximo ano começará com o PIB equivalente a 90% do registrado em 2014, último ano antes da recessão que se alastrou entre 2015 e 2016. Em não rompendo com o normal expansivo da produção brasileira ao redor de 1% ao ano contabilizado entre 2017 e 2019, o país poderá alcançar o patamar do PIB de 2014 somente em 2030, o que revelaria uma segunda década perdida consecutiva do ponto de vista econômico.
Após meio século de notável expansão em sua estrutura produtiva entre 1930 e 1970 e o avanço na sociedade urbana e industrial, o país acumulou duas décadas perdidas (1980 e 2010) e três recessões nos últimos quarenta anos marcados, pela desindustrialização e reprimarização de sua inserção na Divisão Internacional do Trabalho. Justamente nesse cenário caracterizado pelo declínio da presença brasileira no mundo, que passou de 3,2% do PIB global, em 1980, para 2% em 2019, que acontece a transição antecipada para a sociedade de serviços.
Em função disso, o mundo do labor que outrora se encontrava configurado pelo movimento de estruturação do mercado de trabalho passou a se mover pela nova via da sociedade pós-industrial.
Diferentemente da perspectiva positiva ideologizada pelos defensores do capital, a realidade da classe trabalhadora tem sido, em geral, rebaixada por condições de vida mais instáveis e o distanciamento da mobilidade de ascensão social.
Nas atuais condições do predomínio do trabalho imaterial, o Brasil vem, nos últimos anos, reproduzindo ocupações que, ademais de insuficientes para toda a classe trabalhadora, apresentam-se crescentemente instáveis e precárias. Dessa forma e, sobretudo, se comparado com as três anteriores verificadas desde a década de 1980, observa-se o conjunto de impactos significativos e não homogêneos sobre a estrutura ocupacional do país.
Apesar das diferenças entre os segmentos laborais, a realidade mostra-se cada vez mais comum diante da relação constante com o desemprego, a subocupação, a instabilidade do rendimento e a perda de representação e direitos sociais e trabalhistas. Diante disso, o presente livro busca trazer a lume a marcha da devastação do trabalho no Brasil, especialmente quando a crise pandêmica da COVID-19 revela as entranhas do receituário neoliberal pelas quais a classe do labor sofre e procura reagir à superexploração capitalista.
Neste início da terceira década do século XX, a realidade laboral será apresentada partindo justamente da sistematização mais geral do conhecimento a respeito do mundo do trabalho. Para avaliar e debater esse cenário, o Cesit-IE-Unicamp organizou um conjunto 12 atividades integradas que reunirá professores, pesquisadores e representante da magistratura da área do trabalho.
Cronograma:
Painel de abertura:
- Os trabalhadores na regressão neoliberal – 21/1, às 10h
Exposição: Marcio Pochmann
Coordenação: Denis Maracci
- O trabalho nas atuais transformações da globalização capitalista – 28/1, às 14h
Exposição: Artur Henrique S. Santos
Coordenação: Marcio Pochmann
- Sindicalismo na pandemia: em busca de legitimidade e protagonismo – 4/2, às 14h
Exposição: Anderson de S. Campos
Coordenação: José Dari Krein
- As Negociações Coletivas na Pandemia da COVID-19 – 18/2, às 14h
Exposição: Camila Yuri Santana Ikuta e Luís Augusto Ribeiro da Costa
- A tutela do ordenamento jurídico trabalhista e a atuação do Ministério Público do Trabalho na pandemia – 25/2, às 14h
Exposição: Tadeu Henrique Lopes da Cunha
- Desafios da tutela do trabalho no contexto da pandemia: desconstitucionalização, despublicização e desproteção – 5/3, às 14h
Exposição: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho e Renata Queiroz Dutra
- Teletrabalho em tempos de pandemia e condições objetivas que desafiam a classe trabalhadora – 18/3, às 14h
Exposição: Maria Aparecida Bridi
- Desafios para ensinar em tempos de pandemia: as condições de trabalho docente – 25/3, às 14h
Exposição: Dalila Andrade Oliveira
- De motoboy invisível a entregador organizado: uberização e o trabalhador just-in-time na pandemia – 1/4, às 14h
Exposição: Ludmila Costhek Abílio
- Os bancários e o home office no contexto de pandemia – 15/4, às 14h
Exposição: Bárbara Vallejos Vazquez
- Os trabalhadores do turismo no Rio Grande do Norte no contexto da pandemia COVID-19 – 22/4, às 14h
Exposição: Cesar Sanson
- Trabalho e vida das mulheres na pandemia – 29/4, às 14h
Exposição: Natália Leão e Giulliana Bianconi