Serviço público é formado por 66,8% de concursados, mas temporários aumentaram 1.760%

Atualmente, 12% dos servidores são contratados pela CLT; dados são do Anuário de Gestão de Pessoas no Serviço Público

Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo

Thays Martins, do R7, em Brasília

O serviço público do Brasil é formado por 66,8% de concursados efetivos. Isso quer dizer que eles são regidos pelo Estatuto do Servidor Público Federal (lei 8.112/90) ou leis equivalentes nos estados e municípios, que entre outros benefícios garante a estabilidade.

No entanto, uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) pode alterar esse cenário daqui para a frente. Em 6 de novembro, a Corte declarou como válida uma emenda constitucional de 1998 que autoriza a contratação de servidores pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

Os funcionários públicos continuarão tendo que ser aprovados em concurso, mas perdem a estabilidade garantida pelo RJU (regimes jurídicos únicos). A mudança não atinge quem já está no serviço público, somente novos contratos.

Hoje, somente 12% dos servidores são contratados pela CLT, o que corresponde aos empregados públicos de estatais, como Caixa e Petrobras. Os dados constam no Anuário de Gestão de Pessoas no Serviço Público de 2024, feito pela organização da sociedade civil Republica.org. O levantamento ainda mostra que, apesar dos efetivos serem maioria, os temporários tiveram um crescimento de 1.760% em 20 anos. Atualmente, eles são 7,2% de todo o funcionalismo público.

Como é formado o serviço público:

  • Estatutários efetivos – 66.8%
  • Estatutários não efetivos – 13,8%
  • CLT – 12.1%
  • Temporários – 7,2%
  • Outros – 0,1%

Ao todo, 12,2% dos trabalhadores brasileiros são servidores públicos. O número é menor do que a média dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que é de 23%.

Salários desiguais

No serviço público, os maiores salários, segundo o anuário, estão no judiciário federal e estadual e legislativo federal. Ao todo, 30% dos servidores do judiciário recebem acima de R$ 20 mil e 20% dos do legislativo têm salários acima de R$ 30 mil.

O teto do funcionalismo público é de R$ 44 mil, pagamento aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Mas uma parcela dos servidores acaba recebendo acima desse valor, devido a alguns rendimentos não entrarem nas regras do teto. Segundo levantamento do Centro de Liderança Pública, esses servidores correspondem a 0,79%.

Apesar desses altos salários, 75% de todos os servidores públicos recebem até R$ 6.432. As menores remunerações estão nos poderes executivos estaduais e municipais. Enquanto a mediana salarial no judiciário federal é de R$ 15 mil, no executivo municipal é de R$ 2,7 mil.

Mediana de salários nas diferentes esferas e poder Republica.org/ reprodução

As distorções salariais também chamam atenção. Por exemplo, um mesmo cargo exercido em órgãos diferentes pode ter uma grande diferença de salário, como um analista administrativo de agências reguladoras que recebe R$ 15 mil, enquanto a mesma função no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) tem remuneração de R$ 6 mil.

Mulheres e negros são maioria, mas recebem menos

O levantamento também mostra que as mulheres são 56,8% dos servidores públicos e os negros são 52,6%. Mas nos cargos salários mais altos, eles ainda são minoria. Na faixa entre 10 e 20 salários mínimos, mulheres negras correspondem a 8,5%, enquanto homens brancos a 45,1%.

Fonte: R7

Clique aqui para ler o texto original.

Data original de publicação: 18/11/2024

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Translate »