Trabalho precário bate recorde e governo celebra “empreendedorismo”
Por Leonardo Sakamoto| UOL
“O número de empregados sem carteira assinada, ou seja, sem direitos, bateu recorde na série histórica do IBGE e chegou a 11,9 milhões de pessoas no trimestre que terminou em outubro, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada nesta sexta (29). No trimestre imediatamente anterior, o número foi de 11,7 milhões. Ao mesmo tempo, os trabalhadores por conta própria (que incluem entregadores de comida, motoristas por aplicativos e vendedores ambulantes) também bateram novo recorde, chegando a 24,4 milhões de pessoas – em comparação aos 24,2 milhões do período anterior.
O desemprego caiu de 11,8% (entre maior e junho) para 11,6% (entre agosto e setembro), com 12,4 milhões de pessoas desocupadas.
‘Estamos falhando como sociedade democrática e como economia de mercado. Não há rede social de proteção social possível para essa situação no longo prazo’, alerta Marcus Barberino, juiz do Trabalho da 15ª Região e um dos diretores da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra).
‘O capitalismo brasileiro não tem incorporado os trabalhadores de forma civilizada. Estamos empurrando-os para serem entregadores de comida e vendedores ambulantes, o que significa menos produtividade e menos crescimento econômico’, afirma. ‘O trabalho por conta própria e a informalidade são uma característica estrutural do nosso subdesenvolvimento.’.
Eduardo Fagnani, professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho e coordenador do estudo que fundamentou a proposta de Reforma Tributária da oposição na Câmara dos Deputados, tem avaliação semelhante: ‘O governo fala que está estimulando o empreendedorismo. Mas o que ele entende por empreendedorismo não é o desenvolvimento de pequenos negócios sustentáveis, mas gente vendendo ou entregando comida na rua’.”
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Fonte: UOL
Data original de publicação: 29/11/2019