Seminário reúne diferentes olhares sobre o trabalho das mulheres na Fundação Carlos Chagas

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Por JADE GONCALVES CASTILHO LEITE

Gênero e o trabalho das mulheres foi o tema do seminário A bipolaridade do trabalho feminino revisitada, evento realizado na sede da Fundação Carlos Chagas no último dia 13 de setembro de 2024. 

O seminário fez parte do lançamento do livro Gênero e os trabalhos das mulheres: percursos de uma trajetória de pesquisa, organizado por Maria Rosa Lombardi, Maria Lúcia Vannuchi e Lúcia Villas Bôas, diretora vice-presidente operacional da FCC. 

A mesa reuniu pesquisadoras referências em estudos do campo e celebrou o legado de Maria Rosa e suas produções acadêmicas e científicas. Pela manhã, Maria Lúcia Vannuchi detalhou os temas abordados no livro, como os pilares estruturantes para a separação e a hierarquização sexual do trabalho. 

Na sequência, a Angela Araujo apresentou parte dos resultados de suas pesquisas sobre informalidade do trabalho, especialmente em relação ao trabalho feminino. A pesquisadora discutiu dados sobre o crescimento dos contratos informais de trabalho, como a pejotização e a terceirização,  comentou sobre como a globalização e a reestruturação produtiva afetaram diversos setores no Brasil, especialmente o de confecções e calçados. 

Em seguida, a Maria Margaret Lopes abordou a história das ciências e a ausência histórica de estudos sobre a presença feminina nesses locais. A partir da perspectiva de que toda a ciência é humana, Maria Margaret reforçou o processo de feminização do trabalho e a transformação da cultura científica. Um dos programas citados pela pesquisadora que apoiaram a participação da mulher nas ciências e nas carreiras acadêmicas foi o Programa Mulher e Ciência. Lançado em 2005, a iniciativa tinha como objetivos estimular a produção científica e a reflexão acerca das relações de gênero, mulheres e feminismos no Brasil. 

O olhar para as mulheres negras no polo mais desenvolvido do trabalho foi a temática abordada por Adriana Tolentino Sousa. A pesquisa, fruto de sua tese de doutorado, chama a atenção para o processo de construção de dados e enviesamentos provocados pelo racismo. 

Adriana mapeou mulheres negras na medicina, no direito e na engenharia, as ditas profissões elitizadas, e destacou a importância do reconhecimento dessas profissionais. 

Além da dificuldade do acesso aos dados e estatísticas, a pesquisadora do Departamento de Pesquisas Educacionais (DPE) da FCC alertou para as experiências de racismo vividas por essas mulheres e as suas práticas de fissura criadas para lidar com essas vivências. 

Ao final das falas das pesquisadoras, a pesquisadora Helena Hirata, comentadora da mesa, destacou os desafios de reconhecimento de profissionais mulheres da área da saúde, especialmente na enfermagem, em relação a médicos. Para Hirata, o livro de Maria Rosa traz importantes análises não apenas sobre a heterogeneidade na classe operária trabalhadora, mas também sobre a heterogeneidade na classe das mulheres. 

Sobre o livro  

A coletânea de artigos resgata publicações da carreira de Maria Rosa em conjunto com outros pesquisadores e pesquisadoras da área e traz contribuições para se pensar os campos da Sociologia do Trabalho em termos de inserção das mulheres no mercado e da atuação feminina em profissões predominantemente masculinas, como as áreas militar e de tecnologia da informação, além de medicina, direito, engenharia e arquitetura. 

Acesse o link e faça o download do e-book gratuito. 

Fonte: Fundação Carlos Chagas

Clique aqui para ler o texto original.

Publicado em: 19/09/2024

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