Indicações de leitura sobre influenciadores e trabalho
Por DigiLabour
“O debate sobre influenciadores como trabalhadores vem ganhando força no debate público após a criação do sindicato de youtubers na Alemanha, o Youtubers Union, e de influenciadores na Inglaterra, o The Creator Union . Eles dependem de lógicas e mecanismos das plataformas para realizar suas atividades de trabalho. Steven Vallas e Juliet Schor, no texto “What Do Platforms Do? Understanding the Gig Economy”, colocam influenciadores e criadores de conteúdo como um dos tipos de trabalho na economia de plataformas.
Aí vai mais uma lista de indicações bibliográficas do DigiLabour.
No Brasil, a principal referência sobre influenciadores é Issaaf Karhawi, que defendeu em 2018 a tese “De blogueira à influenciadora: motivações, ethos e etapas profissionais na blogosfera de moda brasileira”, que será lançada em livro em breve pela editora Sulina. Outra referência obrigatória é a tese de Lucas Hertzog, “Dá um like, se inscreve no canal e compartilha o vídeo : um estudo sociológico sobre o trabalho e as novas tecnologias digitais no Youtube Brasil”.
Fora do país, três das principais referências são Brooke Erin Duffy, Crystal Abidin e Arturo Arriagada.
Brooke Erin Duffy fala em “trabalho aspiracional” envolvendo também relações de gênero nas plataformas digitais. Este é um dos argumentos do livro “(Not) Getting Paid to Do What You Love: Gender, Social Media, and Aspirational Work”, de 2017. Ela afirma, em texto de 2020, que influenciadores são um tipo específico de criadores de conteúdo digitais marcados por características como seguidores significativos, personalidade de marca e relações padronizadas com patrocinadores comerciais. Duffy também ressalta que há uma variedade de comunidades e práticas a depender das plataformas e dos setores. Em outro artigo, Duffy aborda o trabalho de promoção em mídias sociais considerando três dimensões: as affordances das plataformas, as audiências e o próprio autoconceito do produtor de conteúdo. Este cenário de self-branding tem levado a autora a pensar o trabalho de influenciadores em um contexto de precariedade algorítmica.
Crystal Abidin, por sua vez, nomeia como trabalho de visibilidade as atividades realizadas por influenciadores em Singapura. Ela também analisou o trabalho de influencers gays no Youtube, principalmente Troye Sivan em Yes Homo: Gay Influencers, homonormativity, and queerbaiting on YouTube e Gay, famous and working hard on YouTube: Influencers, queer microcelebrity publics and discursive activism. Ela também publicou uma revisão sobre as práticas da indústria nórdica de influenciadores e é uma das autoras do livro Instagram junto com Tama Leaver e Tim Highfield.
Arturo Arriagada e Francisco Ibáñez tem pesquisado o trabalho de influenciadores no Chile, principalmente das áreas de moda e estilo de vida, observando como são suas práticas quando há transformações nas plataformas, forçando os trabalhadores a mudar suas atividades. Eles lançam luz sobre novas rotinas e intensificação de pressões econômicas em relação aos trabalhadores e como um pretenso ideal de “criação” foi suplantado pela intensificação da competição entre trabalhadores e plataformas.
Outra referência obrigatória é o livro Social media entertainment: The new intersection of Hollywood and Silicon Valley, de Stuart Cunningham e David Craig sobre as transformações no trabalho do setor de cultura e entretenimento com as plataformas de mídias sociais. A pesquisa contou com 150 entrevistas com criadores, executivos de plataformas, trabalhadores de tecnologia e agentes de talentos e fornece um panorama sobre as transformações na indústria. Destacamos o capítulo “Creator Labor” em que trata do trabalho de influenciadores entre criação e precarização em meio a uma cultura algorítmica.”
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Fonte: DigiLabour
Data original da publicação: 01/11/2020