Fiscal do trabalho é agredido em empresa durante inspeção sobre COVID em São Paulo

Imagem: Pexels

Por Leonardo Sakamoto | UOL

“O auditor fiscal do trabalho Paulo Roberto Warlet da Silva foi agredido durante inspeção que verificava denúncia de descumprimento de regras de prevenção à covid-19 em um escritório de contabilidade em São Paulo. Em frente a policiais, o proprietário empurrou o fiscal, que foi ao chão e se machucou.

Levado à Superintendência da Polícia Federal na capital paulista, por se tratar de um caso envolvendo servidor público federal, o empresário foi preso em flagrante, mas pagou fiança de um salário mínimo e responderá em liberdade. Warlet foi à empresa na tarde do dia 9 de junho, quando, segundo ele, foi recebido com gritos e xingamentos. Diante da situação, pediu reforço policial. Mesmo com a presença de três agentes, os ataques continuaram.

“Ele colocou uma funcionária para gravar com celular a centímetros do meu rosto. Disse que isso seria postado nas redes sociais com a hashtag “Bolsonaro” e que, em três dias, eu seria exonerado. E que, por isso, era para eu ir me preparando para começar a depender do auxílio emergencial”, afirmou.

O empresário teria exigido ver a reclamação que deu origem à ação o que, segundo o auditor, não é permitido. O servidor público afirmou à coluna que, quando se dirigiu a uma área reservada aos quase 80 empregados do estabelecimento, o proprietário o empurrou e, na queda, sofreu escoriações no cotovelo e contundiu as costas.

Segundo ele, ouviu ameaças de outra pessoa que estava com o empresário que “sua vida não vale nada fora daqui”, “esses três [policiais] não valem nada, a polícia está na nossa mão” e “o mundo vai ficar pequeno para você”. Ao final da ação, ele foi ao Instituto Médico Legal (IML) para ser examinado.

(…)

“O episódio cria um contexto ruim, que gera condições para os empresários descumpridores da lei agirem dessa forma brutal e animalesca. Há uma escalada de reações hostis e violentas à atuação dos auditores”, afirmou à coluna Carlos Silva, presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait).

De acordo com ele, somente no ano passado foram seis casos graves de ameaças e agressões a fiscais. Auditores fiscais do trabalho têm sofrido ataques semelhantes aos de outras servidores públicos que atuam na fiscalização, como funcionários do Ibama, do Incra, do ICMBio, da Receita Federal. O discurso tem sido o mesmo em diferentes áreas: com Jair Bolsonaro no poder, eles não poderiam autuar sob o risco de perderem o emprego ou coisa pior.

A coluna conversou com auditores fiscais que afirmaram que, desde o início do ano passado, sentem uma hostilidade maior entre os empregadores rurais. De deboches e insinuações sobre o fim da fiscalização com a nova conjuntura política até a exposição de armas e ameaças. Tem sido comum empregadores se exaltarem e irem para o enfrentamento mesmo com policiais armados fazendo a segurança de uma operação. (…)”

Confira a reportagem completa

Fonte: UOL

Data original da publicação: 17/06/2020

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