Trabalho coletivo traz sentido de pertencimento

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Por FUNDACENTRO

Na defesa da tese “Chamados à atividade: Diálogos com a Clínica da Atividade em uma organização de pesquisa do serviço público federal”, o analista em ciência e tecnologia da Fundacentro, Emerson Moares Teixeira, buscou mostrar como o fazer coletivo traz em si complexidades e desafios, mas, ao mesmo tempo, possibilita o sentido de pertencimento. O estudo teve como base a unidade da Fundacentro no Rio de Janeiro/RJ e analisou o desenvolvimento do gênero da atividade profissional, ou seja, os modos de realizar o trabalho, entre os profissionais da pesquisa. Dessa forma, delineou como se deu a ampliação do poder de agir dos servidores.

O pesquisador utilizou os referenciais teórico-metodológicos disponíveis na Clínica da Atividade e na Análise Institucional. “O caminho metodológico escolhido convocou três instrumentos: entrevistas individuais, entrevistas grupais e diário de campo. As entrevistas individuais consistiram em encontros potentes entre o pesquisador e cada participante, possibilitaram conversas sobre a pesquisa em tela bem como permitiram rememorar as experiências vividas ao longo do processo que se iniciou com as inquietações e os enfrentamentos dos trabalhadores e que culminou na construção gradativa do coletivo de trabalhadores”, explica.

A entrevista coletiva ocorreu em formato de roda de conversa. Já o diário de campo permitiu o registro de reflexões, memórias e as relações com o campo e os dados factuais. Uma das ações analisadas foi a construção do I Congresso Técnico-Científico. “A experiência de organização do Congresso, tomada como Analisador e acompanhada pelos referenciais da Clínica da Atividade, exigiu que os trabalhadores colocassem luz em uma situação de trabalho em que características habituais ficaram mais condensadas e mais visíveis, um dispositivo que amplifica as características habituais do trabalho. O grupo se viu obrigado a tentar lidar com práticas recorrentes do dia a dia”, relata Teixeira.  

A pesquisa mostra que a ampliação do poder de agir se deu por meio da formação de coletivo de trabalhadores, que pôde se contrapor a uma organização que produzia práticas de isolamento, não coletividade e inibição dialógica com contradições.  

“Há possibilidade real de enfrentar os impedimentos do trabalho apostando em estratégias e ações micropolíticas no plano dos processos de constituição de outras realidades. O poder de agir amplificado no coletivo possibilitou ultrapassar a norma momentânea, tolerar infrações à norma habitual e instituir novas normas em situações novas. Nisso, residiram a criação de outro gênero da atividade profissional, a produção de saúde dos trabalhadores, o trabalho bem-feito”, defende Emerson.

A tese, orientada pela professora Claudia Osório da Silva, foi defendida no Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Instituto de Psicologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) em novembro. Participaram da banca de defesa de doutorado os professores: Leny Sato, Juliano Almeida Bastos, Maria Elizabeth Barros de Barros e Hélder Pordeus Muniz.

Para Sato, o trabalho apresenta os referenciais teóricos de forma clara e contextualiza série de questões do debate em que a Fundacentro está inserida. Na visão de Juliano Bastos, o pesquisador conseguiu trazer em sua pesquisa cenas em movimentos. Hélder Muniz, por sua vez, explorou as reflexões e complexidades que o trabalho suscita, problematizando várias questões.

“Para se construir o coletivo, é preciso observar bem os conflitos presentes na atividade. Seu processo de pesquisa nos oferece modos de pensar o trabalho coletivo em torno do que não é falado. É ali que o coletivo se instala. Cooperar não é apenas concordar. O real da cooperação se efetiva quando temos condições de avaliar o que vivemos”, avalia Maria Elizabeth Barros de Barros.

Em breve o trabalho será disponibilizado pela UFF e pela Biblioteca da Fundacentro.  

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Por FUNDACENTRO
Data original de publicação: 13/03/2024

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