Uberminion: como precarização do trabalho recruta membros à extrema direita

Foto: Pexels

Por Rosana Pinheiro Machado | UOL

Todo mundo conhece um uberminion. Você entra no carro, pedido por um aplicativo, e basta um estalo para que o motorista comece a disparar o repertório Venezuela-vagabundo-urna eletrônica. Na minha última corrida, um motorista tinha a voz do Bolsonaro no Waze, que gritava: “Vire à direita”. Para além do caráter anedótico, o uberminion é um fenômeno político concreto do Brasil contemporâneo. Oferecer alternativas às transformações do mundo do trabalho —precarizado, plataformizado, digital ou empreendedor— é um dos desafios mais cabeludos do próximo governo comandado por Lula. Não digo isso apenas porque a tecnologia e o neoliberalismo fizeram com que as dinâmicas de trabalho sejam diferentes das do tempo em que o presidente eleito era sindicalista. Isso Lula sabe bem e ressaltou em seu primeiro discurso.

O problema maior a ser enfrentado é político. Uma parte significativa das novas formas precarizadas de trabalho via plataformas vem com um componente ideológico atrelado —e esse componente é profundamente antidemocrático. É como se o pacote do trabalho viesse com um plug-in político instalado, sem que o trabalhador tenha necessariamente escolhido esse produto.

Trabalho e política sempre andaram juntos. Trabalho aliena, mas também é terreno de resistência. Porém, a convivência entre as pessoas está cada vez mais escassa no século 21, cedendo lugar a funções feitas de maneiras isoladas e intermitentes, mediadas por plataformas e algoritmos obscuros que incentivam a hiperindividualização, a competição e o que a pesquisadora Fernanda Bruno chama de racionalidade algorítmica: o indivíduo que culpa a si próprio pelo fracasso, mesmo face a uma política de precificação nada transparente das plataformas.

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Fonte: UOL

Data original de publicação: 17/11/2022

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