‘Parceria’ de risco
Aplicativos lucram com coronavírus pondo entregadores em risco de contágio
Por Bruna de Lara, Nathália Braga, Paulo Victor Ribeiro | The Intercept
FICAR EM CASA. Essa é uma das principais recomendações para a contenção da pandemia do novo coronavírus, que já tem 1.620 casos confirmados e matou 25 pessoas no Brasil, segundo dados da manhã desta segunda-feira. Governadores e prefeitos começaram a agir para reforçá-la. Fecharam escolas, universidades, shoppings, casas noturnas, academias, pontos turísticos, praias, comércio, limites municipais e divisas estaduais – decisão anulada por regras decretadas em seguida por Jair Bolsonaro. Mas, nas ruas esvaziadas das próximas semanas, duas figuras não irão desaparecer: as de trabalhadores circulando em motos ou bicicletas munidos de mochilas com as palavras Rappi, iFood, Loggi ou Uber Eats.
Quando sair de casa significa colocar a saúde em perigo, a comodidade oferecida pelos aplicativos de entrega se torna ainda mais sedutora. Na outra ponta, porém, há pessoas expostas aos riscos que os usuários buscam evitar usando os apps. E as marcas que elas carregam nas costas não estão tomando medidas eficazes para protegê-las do contágio.
O Intercept entrou em contato com as quatro empresas para saber que políticas foram criadas para evitar que seus entregadores contraiam a covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Ainda que todas aleguem estar trabalhando em diversas providências para protegê-los, a única medida em comum não é específica para a situação singular dos entregadores. Trata-se do mero compartilhamento de informações de prevenção divulgadas pelo Ministério da Saúde à população (como lavar as mãos com frequência, cobrir o rosto ao tossir ou espirrar, fazer uso de álcool gel e higienizar veículos).
Fonte: The Intercept
Data original de publicação: 23/03/2020