Brasil se equilibra numa bicicleta alugada

Imagem: Reprodução Repórter Brasil

Por Heloísa Mendonça | El País

Sem muitas alternativas de empregos, número de motoristas e entregadores de aplicativos bate recorde no país em jornadas de até 16 horas, um retrato da informalidade que desafia o Governo

“A maior recessão econômica dos últimos anos no Brasil levou embora, em 2017, o emprego de carteira assinada de John Erick da Silva, de 34 anos. O morador do Jardim Peri, na zona Norte de São Paulo, trabalhava como técnico de amostragem em um laboratório que decretou falência. Desempregado com duas filhas para sustentar, decidiu começar a trabalhar como motorista de Uber. Financiou um carro em 60 meses e hoje chega a trabalhar até 16 horas por dia para pagar as contas no fim do mês. Desde então, nunca mais tirou férias. ‘É um serviço quase em tempo integral. Trabalho de domingo a domingo, só paro no rodízio do meu carro na quinta-feira. Ser Uber vale a pena, mas é preciso ralar muito para pagar o aluguel. Eu estou com várias contas atrasadas, no vermelho’, lamenta Silva.

Sem muitas alternativas de empregos formais em um cenário de lenta recuperação econômica, não são poucos os brasileiros que como Silva resolveram atuar como motorista por aplicativo, inclusive alugando carros para cumprir o ofício. O número de pessoas que trabalha em veículos, que também inclui taxistas, motoristas e trocadores de ônibus, atingiu recorde e aumentou 29,2% em 2018, chegando a 3,6 milhões. O que significa 810.000 pessoas a mais em relação a 2017, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada em dezembro pelo IBGE.

Já os que trabalham em local designado pelo empregador, patrão ou freguês, grupo que inclui os entregadores a bordo de motos e bicicleta, muitos recrutados por aplicativo, também registraram a maior alta desde 2012. O número desses trabalhadores avançou quase 10% em relação a 2017, chegando a 10,1 milhões em 2018. Em um ano, 905 mil pessoas optaram por esse tipo de emprego.”

Confira a matéria completa.

Fonte: El País
Data original de publicação: 29/12/2019


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