Plantationoceno: Capitalismo racial, trabalho e terra.

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Por Plantationoceno: Capitalismo racial, trabalho e terra

Apesar da centralidade da temática do trabalho no livro de Cedric Robinson, Black Marxism (1983), publicado como Marxismo Negro no ano 2023 em tradução português, os estudos e pesquisas têm dado pouca atenção à concepção do capitalismo racial. A tese central de Robinson é que o primeiro proletariado se formou nas plantações (plantation) dos países colonizados no século 16, questionando a centralidade do proletariado nas fábricas da Inglaterra para a emergência do movimento dos trabalhadores. Para Robinson, as revoltas das/os trabalhadoras/es escravizadas/os e a organização de comunidades quilombolas em quase todos os países das Américas, constam como as primeiras formas da organização da classe trabalhadora global. A tese de Robinson conecta com a alegação de Immanuel Wallerstein da existência de uma diversidade de formas de trabalho como base do capitalismo. Assim, Robinson questiona a centralidade do trabalho assalariado para o capitalismo global. Essa conferência visa perguntar sobre trabalho e terra, sob a ótica étnico-racial, portanto, como a noção de capitalismo racial elucida o debate nos estudos de trabalho e estudos agrários, envolvendo estudos sobre movimentos quilombolas (maroons) e racismo no campo, explicitando o Plantationoceno.

 O Plantationoceno, nos termos de Haraway, se apropria da noção de ‘plantation’, práticas (coloniais e imperialistas) de apropriação e exploração das terras, da agricultura, pastagens e florestas, como plantações extrativas (monocultivos), contando com trabalho escravo e outras formas de trabalho explorado, alienado e, em grande parte, migrante. Essa herança colonial se perpetua na contemporaneidade, sendo que o Plantationoceno está também na produção global de carnes industrializadas, nos imensos monocultivos e substituição de florestas multiespécies por monocultivos florestais, a exemplo da palma africana, ampliando a exploração do trabalho (racializado) e comprometendo a sustentação das criaturas humanas e não humanas. A noção do Plantationoceno tematiza, portanto, a lógica de produção, em grande escala, com base na superexploração do trabalho, base de organização produtiva da plantation, ofereceu o modelo para a organização industrial das fábricas. Ademais, o Plantationoceno lembra que as mudanças profundas na ecologia do planeta começavam e continuam baseado numa agricultura industrial que contribui massivamente para a emissão de carbono, entre outros aspectos nocivos para o meio ambiente.

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Fonte: Plantationoceno: Capitalismo racial, trabalho e terra

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